Shaolin Kung fu

Luoyang, 24 de fevereiro de 2011.

Eu queria me tornar um grande mestre do Kung fu para substituir o Bruce Lee e o Jackie Chan,ehehe... então não tinha lugar melhor do que o Templo Shaolin, local onde nasceu essa arte marcial que é uma das mais antigas do mundo, com mais de 5 mil anos!! A história conta que os monges deste templo como passavam muitas horas sentados meditando, eles precisavam praticar exercícios para manter forma. Esses exercícios eram baseados além de muita concentração na respiração e alongamentos, em movimentos que imitavam os animais. Daí o templo começou a sofrer ataques e para se defender, eles passaram a usar esses movimentos como luta.

Eu pensava que era no alto de uma montanha que nem no filme que eu falei mas não era. É numa região montanhosa mas não é no alto. Aquele que aparece no filme não é o Templo Shaolin. O templo em si não chamou tanto minha atenção pois é um templo budista assim como vários outros que já passei pela Ásia. O que valeu mais a pena foi uma enorme escola de Kung fu que faz parte do monastério budista Shaolin, com centenas de jovens praticando a luta, fiquei um tempão lá vendo o treinamento deles.

Fui desafiado logo na chegada...

Eu gosto da expressão dos guardiões dos templos.

Templo Shaolin
Centro de Treinamento

 
Treinamento
Agora sim ! Sou um grande mestre do Kung fu Shaolin !!!


E com a mania do Zeca Camargo, numa incansável busca por Patrimônios Mundiais da UNESCO, lugares para se dizer “isso aqui é nosso!”... Fui visitar as cavernas de Longmen(que em mandarim significa Porta do Dragão) aqui próximo a Luoyang que é uma antiga capital da China. Um dos poucos locais na China com grandes esculturas budistas que ainda sobreviveram até hoje. São mais de 100 mil esculturas de Buda esculpidas na rocha. Um kilômetro de montanha que acompanha o Rio Yi com mais de 2.300 grutas com imagens de Buda porém a maioria delas destruídas por vândalos na Revolução Cultural ocorrida na China na década de 60 e colecionadores que tiram as cabeças das estátuas. Muitas delas foram parar em museus por aí.

Isso aqui é nosso!
As grutas de Longmen

Figuras budistas enormes esculpidas na rocha



Discípulos de Buda num templo em Longmen

Eu, o Bussunda chinês e outro parceiro num templo..

 
Estou agora na estação de trem de Louyang esperando o trem para Xi’an. As estações de trem aqui na China são gigantescas, a estação que eu embarquei em Beijing, por exemplo, a Beijing West Station é a maior da Ásia. Normalmente tem 1 a 8 salões(dependendo do tamanho da estação) cada um com oito portões de embarque. Aqui tem dois salões(Louyang tem seis milhões de habitantes). Em cada portão tem saídas contínuas de trens, cada um com 300-800 passageiros. Acho que em cidades como essa devem circular cerca de 80 a 100 mil pessoas por dia, e em cidades maiores tipo Beijing e Shangai deve ser o dobro disso. O meu conceito de “muita gente” acho que está mudando nesse meu período aqui na China. Apesar da multidão, eles sabem organizar a coisa pra fluir mais rápido. Não existem filas muito demoradas ou empurra-empurra.

Que Maravilha !

Beijing, 22 de fevereiro de 2011.

O dia ontem foi para visitar o ponto mais famoso da China, a Muralha da China, uma das sete maravilhas do mundo!

A Muralha da China é a maior fortificação do mundo, ela começou a ser construída há dois mil anos para proteger alguns impérios da invasão de povos inimigos. Centenas de milhares de homens trabalharam na construção e uma boa parte morreu durante isso, conta a lenda que seus corpos foram usados também junto com as pedras e o cimento. Na verdade a Muralha devia se chamar ‘As Muralhas’ pois ela não é única, e sim composta por vários segmentos bem longe uns dos outros em diferentes províncias. E a história que ela pode ser vista do espaço é papo furado, teve um astronauta que desmentiu isso um tempo desse.

Combinei com meu parceiro de quarto israelense para irmos para a Muralha juntos, tenho conhecido vários israelenses pelo caminho, todos são gente boa demais e são ‘preparados pra guerra’ literalmente, em Israel todos os homens são obrigados a servir o exército por três anos e as mulheres por um ano, com treinamentos pesados. Ele disse que israelenses não podem pisar no Líbano nem na Síria, senão são mortos, eu falei que era engraçado. Ele disse que não tinha nada de engraçado nisso e eu mudei de assunto, eles não gostam muito de falar sobre isso porque a coisa lá é séria e eles não gostam dessa história de pagar pela briga ideológica e religiosa entre os países vizinhos.

Pois bem, no caminho se juntou ao grupo mais um holandês e um indiano que mora em Dubai. Caminhamos sobre a muralha até o ponto mais alto no trecho de Badaling, tem que ter perna pra subir tudos aqueles degraus. É realmente impressionante o tamanho daquilo ali.



No caminho passamos por uma tumbas onde foram enterrados 13 dos 16 imperadores da dinastia Ming. Detalhe, alguns imperadores ordenavam que quando eles morressem queriam levar para a tumba também todas as suas concumbinas. Elas normalmente eram obrigadas a tomar um veneno letal...



“Aquele que nunca escalou a Grande Muralha não é um homem de verdade.”

                                                                              Mao Tsé-Tung

Mao Tsé-Tung falou, tá falado...taí o macho agora!

Tumbas da dinastia Ming

Pato Pequinês

Beijing(Pequim), 22 de fevereiro de 2011.

Tenho viajado basicamente de trem aqui pela China, exceto em pequenos trajetos. Quando fui comprar o ticket para cá para Beijing não tinha mais lugar sentado e comprei o "no seat" mesmo, ou seja, sem poltrona. Seria uma viagem a noite de 13-14 horas mas foi o jeito. Nem fez falta...o chão do corredor estava bem confortável, eheheheh.  Deu pra deitar no corredor  porque esse trem era bacana, tinha tapete e era limpo, tem uns outros que são mais 'povão' que é impossível deitar, primeiro porque não tem espaço, é o tempo todo passando os 'rodomoços' vendendo um monte de besteira e outra que o chão é cheio de cuspe!
Fiquei num albergue bem no coração de Beijing, ao lado da Praça da Paz Celestial (Tiananmen Square), a maior praça pública do mundo (a China é cheia de superlativos) . Pra entrar na praça, assim como nas estações de metrô ou de trem, passamos por uma inspeção da polícia chinesa com aquelas esteiras de RX iguais de aeroporto. Na praça tem alguns monumentos, em um deles inclusive está o corpo conservado do Mao Tsé-Tung que foi um importante líder na história do país e é muito adorado até hoje, com fotos dele espalhadas por todo lugar. Tem uns portais  enormes na entrada da praça, e ao nascer e no por-do-sol tem uma cerimônia do hasteamento da bandeira com uma marcha dos guardas bem organizada, tem uns guardas bem jovens pelo meio, jovens de 15-16 anos .

Chegando em Beijing


Praça da Paz Celestial (Tiananmen)

Cerimônia do hasteamento da bandeira na Tiananmen Square
Ao lado está a Cidade Proibida que tem esse nome pois como era a morada dos imperadores, tinha seu acesso restrito.Mas hoje em dia não tem nada de proibido, é uma cambada de chineses entrando lá todos os dias, o ponto turístico mais famoso da cidade. A China foi governada por imperadores (dinastias) até 1911. São vários palácios dentro da Cidade Proibida, um deles com o trono do imperador, outro era onde ele tinha suas horas de folga e seus momentos de diversão com as concumbinas...tudo muito suntuoso e  carregado  de significados especiais  que eu morcegava das explicações dos guias. E no fundo tem o  jardim imperial com  ciprestes , que são umas árvores de formato igual a imensos bonsais , de centenas de anos.   

Entrada da Cidade Proibida

Cidade Proibida

Jardim Imperial na Cidade Proibida... duas árvores que se unem, igual a um bonsai

Um dos palácios na Cidade Proibida
Visitei também outro parque também dos imperadores, o Palácio de Verão(Summer Palace), local onde os imperadores vinham se refrescar durante os rigorosos verões chineses. O parque que abriga o palácio é muito bonito com lagos, pontes e corredores de estilo bem antigo. Como estamos em pleno inverno por aqui, o lago principal do Palácio estava congelado e podíamos andar sobre o lago!!!

Andando sobre o lago congelado no Summer Palace
Beijing tem muita coisa pra fazer mas eu já tô meio cansado de templos, parques e museus. Tem dias que eu prefiro só ficar andando pelos hutongs, ruas estreitas em áreas mais pobres da cidade, onde vemos a China mais real. Por ser um país que sofreu muito com as guerras e com a fome, eles desenvolveram a arte de fazer comida com pouco material, as sopas mais consumidas por exemplo são praticamente só macarrão, com bem poucos vegetais. Quando é com carne, normalmente de porco, são 3 ou 4 fatias do tamanho e espessura de uma gilete. Teve um dia que meu instinto carnívoro estava com vontade de mastigar carne e pedi uma especialidade culinária muito famosa da cidade, o Pato de Pequim, em um pequeno restaurante de um hutong. Não muda muita coisa dos outros patos que comi por aí em outras províncias, talvez porque não foi preparado por um cozinheiro renomado (era num restaurante bem simples) ou porque meu paladar não é  treinado para reconhecer a diferença desses temperos utilizados aqui. Coloca um alemão pra distinguir qual o melhor acarajé na Bahia... ele vai achar tudo igual.  
O parque que não tem nada de antigo, pelo contrário é bem moderno, é o parque olímpico, onde rolou a última olimpíada em 2008. Fui no futurístico cubo d'água, que abrigou as provas de piscina. No subsolo tem tipo um clube com um parque aquático e piscina estilo  praia artificial de água aquecida e é onde fica a piscina olímpica. Muito doido lá dentro. O estádio olímpico "ninho de pássaro" é bem em frente mas não estava aberto para visitação. Ao lado do parque olímpico está um dos pouquíssimos hotéis sete estrelas do mundo!
Parque Olímpico
O cubo d'água

Piscina olímpica

Interior do cubo d'água
O estádio 'Ninho de Pássaro'
Rodando em Beijing...esse é o Templo de Confúcio, um pensador
que teve grande influência na cultura chinesa

No parque do Templo do Céu...o cara fazendo um intrumento de sopro com argila

Sobre as estranhezas

Beijing (Pequim), 21 de fevereiro de 2011.

 
Depois de mais de um mês na China, tem umas estranhezas que eu já não estranho tanto porque eu vejo todos os dias. Continuo rindo e soltando um ‘égua’ de vez em quando... só que com menos frequência. A abismo cultural que nos separa dos chineses é enorme. Separei aqui algumas cenas cotidianas:

 As escaradas: já falei sobre isso em outro post. Todo mundo, seja homem ou mulher, eles escarram(essa palavra é feia mas é a mais adequada) em qualquer lugar. Não é um simples cuspezinho, é uma puxada que faz um ronco capaz de puxar todo o catarro preso em todo o sistema respiratório!.(eca!) No entanto os mais jovens já não ‘adotam essa prática’ e o governo tem se esforçado para mudar isso, com placas de ‘proibição de cuspe’ em alguns lugares. Principalmente durante da Olimpíada aqui em Beijing e recentemente em Shangai, por exemplo, onde aconteceu a Expo 2010 , campanhas governamentais através de panfletos e programas de TV.

 Outros ruídos: eles arrotam com a mesma naturalidade que se boceja. Soltam outros gases também porém com menor frequência.rsrsrrsrs

 Nas filas ou aglomerações: eles são brutos, te empurram e entram na frente na moral, acho que licença e desculpa são palavras inexistentes em mandarim...

 No metrô: eles ficam esperando abrir a porta igual uma competição, igual a brincadeira da cadeira. Quando abre a porta, é quando a música para e eles correm desesperados para sentar. Já vi uma senhora sentando no colo da outra. Até nos trens onde eles têm assento marcado, eles correm pra sentar primeiro sem necessidade.

 As crianças usando calça com abertura nos fundos. Pra facilitar na hora das necessidades.

 Sinfonia nos restaurantes: é uma cena bem especial. Parece um campeonato. Os caras chupam a comida com toda a força dos pulmões, seja o arroz, o macarrão, com os pauzinhos ou com a colher, fazendo o barulho mais alto possível. Eu frequento geralmente restaurantes populares onde as mesas são compartilhadas com outras quatro ou seis pessoas, aí forma-se uma orquestra de instrumentos de sopro..rsrsrs Tem hora que é engraçado, dá vontade de largar os pauzinhos e falar: tu tá de sacanagem né bicho? tamanho o barulho..rsrsrs Parece que é de propósito o volume do estrondo que eles fazem. E os casais, que coisa romântica, a moça delicada se reclina sutilmente e educadamente com o olhar baixo, encostando a boca na borda do prato que está sobre a mesa. Depois, com a boca aberta, ela varre o prato trazendo a comida com os puzinhos para a boca chupando em alto e bom som (claro...) para ajudar. Enquanto que o rapaz, educado, com bem classe chupa com bem força o seu macarrão. Uma vez tentei imitar, dei uma chupada estrondosa na sopa, eu ri tanto que me engasguei no restaurante. rsrsrsrs

 Os jovens fashion usando óculos sem lente, só como adorno, e roupas e sapatos com uma combinação difícil de entender.

 Os chineses falando alto: tem horas que não dá pra saber se eles estão só conversando ou se é discussão.

 No banheiro muitas vezes não tem o nosso conhecido vaso sanitário que nós sentamos e ficamos lendo uma revista. Tem que ser na posição agachada, (bem ingrata por sinal...)

 As placas de proibição e o Chinglish: vou fazer um post exclusivo para esse tópico em breve!

 

Eu não quero dizer aqui que eles são mal-educados não. Tudo isso faz parte da cultura e da educação chinesa. Eu acho que uma pessoa é mal educada quando comete atos que não condizem com a cultura do seu país. Eu usei alguns adjetivos para descrever algumas dessas estranhezas mas foi em tom de brincadeira, foi apenas a forma como eu interpretei as cenas (com os meus benditos olhos ocidentais...) .Tudo isso é absolutamente normal aqui na China. Eu chamei eles de brutos por exemplo, dá pra entender pois uma nação de 1,3 bilhões de habitantes, onde todo lugar tem muita gente amontoada, não dá muito espaço para as cordialidades.

Talvez a China seja a civilização mais antiga do mundo que sobreviveu até hoje, com mais de 5 mil anos de história, então sabe lá desde quando esses costumes surgiram, e quem somos nós, nascidos em sociedades com alguns séculos de existência para dizer que isso é certo ou errado. Não existem parâmetros para se qualificar uma cultura, o que acontece é que nós adjetivamos essas diferenças de acordo com o que a nossa cultura interpreta.



Kung fu Kid

 Beijing (Pequim), 20 de fevereiro de 2011.

Acabei de assistir ao filme Karate Kid  aqui no albergue. O filme poderia muito bem se chamar Kung fu Kid, pois não tem nada de Karatê. A história de um garoto que vem morar com sua mãe em Beijing e depois de apanhar de outros garotos na escola ele aprende Kung fu com o Jackie Chan e ganha (claro!) o torneio no final. É igualzinho a história do Daniel San mas se passa na China, aqui em Beijing, onde estou !! A história é besta mas tem um sabor diferente assistir a um filme quando se está no país...a Cidade Proibida está a 10 minutos daqui, os vendedores de rua estão lá fora do albergue, as bicicletas transportando imensas cargas, os prédios, o inglês enrolado dos chineses , a arquitetura dos templos, o barulho da rua...Depois de mais de um mês de China tudo é mais familiar. Imagens do parque olímpico que fui ontem e da Muralha da China que vou amanhã... é a realidade que estou vivendo. Tenho certeza que assistir a esse filme do Brasil ou de qualquer lugar, sem nunca ter presenciado isso aqui deve ser bem diferente aos olhos. Foi legal ver em um filme hollywoodiano o que eles enfatizam  sobre a China, coisas típicas e  cenas bem reais, não tem nada exagerado ou artificial , o Jackie Chan deve ter dado umas dicas pro diretor do filme...o Jackie Chan é muito popular por aqui, ele faz propaganda para várias marcas famosas.
Gostei da cena onde mostra o Templo Shaolin, foi uma cena rápida, não mostrou quase nada de lá e da história do Kung fu que é uma das artes marciais mais antigas do mundo. Mas como eu gosto de artes marciais e da história que envolve a criação de uma arte marcial, resolvi que vou visitar aquele templo no alto da montanha. Eu já estava pensando  em passar por aqueles lados e já tinha lido alguma coisa a respeito. Engraçado como é que surge a vontade de se visitar um lugar, nem precisa de um motivo muito forte, basta vermos uma foto, uma cena ou ouvir uma história.
Quando eu entrei na China não sabia o roteiro que iria fazer, assim como não sei pra onde vou depois com certeza. Na verdade estou deixando as coisas fluírem que é para a surpresa ajudar a dar vontade de conhecer o lugar. Não pesquiso nada mais antecipado. Quando estava chegando aqui em Beijing, por exemplo, não sabia de nada, nem o que visitar nem onde iria me hospedar. Tenho feito assim, quando eu chego na cidade,  eu sento pra comer alguma coisa, depois dou uma estudada no guia pra saber pra onde vou. Não tem  aquele nervosismo, ansiedade ou medo de não saber aonde ir, onde se hospedar e como chego lá.   
Hoje passei o dia em casa, só saí para comer e voltei. Tem dias que não quero passear, não quero ver museu, templo ou parque. Não pensem que numa viagem longa, nós passeamos todo santo dia. Tem que tirar de vez em quando um dia de repouso para repor as energias, ficar de molho lendo alguma coisa ou dormindo. Um tempo também até pra processar toda a informação que vamos recebendo. Teve uma brasileira que conheci em Hangzhou , ela tinha acabado de chegar nessas terras e disse que não gostaria de fazer uma viagem muito demorada pois não daria tempo de processar toda a informação. Realmente, é muita coisa que  vemos e aprendemos, está sendo bom eu escrever meus relatos pra poder relembrar futuramente. 

Homem Bala

 Shangai, 16 de fevereiro de 2011.

Depois de Suzhou passei dois dias em Hangzhou, apesar do tempo não estar lá essa coisa, o meu albergue ficava bem ao lado da maior atração da cidade que é o lago. Só de ficar andando ao redor do lago esses dias valeu a viagem. Hangzhou realmente é muito bonita, se não tivesse nevando eu teria visto as paisagens mais limpas... Acho que comentei sobre a localização dos albergues em algum post lá da Nova Zelândia. Normalmente os albergues que escolho são muito bem localizados, em todo lugar. Facilita em tudo. Aqui na China tenho ficado praticamente só em Youth Hostels (albergues da juventude) que são da associação Hostelling International, presente no mundo todo quase. Com a carteirinha temos desconto no valor da hospedagem.   
Área ao redor do lago em Hangzhou

Hangzhou- West Lake


Não sabia se levava um Rolls-Royce ou uma Lamborghini...então fui de busão mesmo.

Hangzhou

De Suzhou para Hangzhou fui de trem, um trem muito moderno, que chegou a 350 Km/h!! Depois que fui descobrir que esse é o trem mais rápido do mundo!
Trem bala na estação de Suzhou
Reduzindo...

Voltei então pra Shangai pra resolver umas coisas, de novo andei no trem bala. Legal voltar para uma cidade onde você passou mais de uma semana, se sente bem mais familiarizado. Peguei meu passaporte com o visto renovado, mandei minha bicicletinha pra Belém( foi muito parceira, não consegui me desfazer dela...), e voltei pro mesmo albergue onde tinha deixado minha mochila. Ás vezes faço isso, deixo a mochila grande no guarda volume do albergue pra fazer algum trecho por perto de alguns dias, levando só a mochila menor. Mais algumas imagens de Shangai.
Avenida Nanjing...andei muito nessa área.

Grilos para vender numa loja em Shangai, acho que é para cantar...

Gaiola para passarinhos não, para os grilos!!!!

Praça em Shangai e os  arranha céus 

Pausa para tomar uns chás, com cerimônia e tudo.

Apesar da comunicação ser difícil aqui, estou me virando bem pra andar sozinho. Tem uma técnica bem simples que usamos nos países onde não sabemos nenhuma palavra no idioma local. Pra qualquer coisa, mais difícil de achar, pedimos para a recepcionista do albergue escrever num papel o que queremos. Daí é só mostrar o papel na hora , dar um sorriso e pronto! Simples assim.ehehe Mas tem que escrever tudo que você quer no papel, se não acontece que nem quando fui comprar um ticket de trem aqui na China. No meu papel estava escrito em mandarim: “ Um ticket para o próximo trem para Hanghzou” ,  cheguei no guichê e entreguei. Aí a chinesinha lá de dentro me perguntou alguma coisa, tipo primeira ou segunda classe, sei lá, continuei rindo com cara de tacho, ela perguntou de novo como se eu fosse entender, daí ela virou o monitor e me mostrou as opções, pronto, escolhi a mais barata (claro) e peguei o ticket ! Simples assim..... Ajudou muito o tempo que viajei com os chilenos e depois com o gaúcho, pois eu aprendi como funciona o esquema dos trens, a entender o ticket, o processo do embarque... Depois ficou fácil. O que ainda é mais complicado é andar de ônibus urbano. Qual ônibus e aonde  pegar, o pessoal do albergue informa, o difícil é acertar o lugar certo pra descer, porque nem sempre dá pra ler o nome da rua onde estamos passando e os outros passageiros e o motorista não entendem nada o que a gente fala. Mas tudo isso no final das contas é divertido, faz parte do passeio.

Olhos ocidentais

Suzhou, 12 de fevereiro de 2011.

Fomos para Tongli, uma outra cidade milenar nessa região. Bem parecida com ZhouZhuang. Vários canais e pontes, com passagens estreitas pela margem. Aqui realmente foi cenário de filmes chineses como mostra uma inscrição em uma pedra na entrada da parte antiga da cidade. Fiquei num albergue que era uma casa de mais de 200 anos. Tongli juntamente com outros parques na região de Suzhou foram eleitos Patrimônio Mundial pela Unesco pelo significado artístico, cultural e histórico. Eu era um dos únicos turistas ocidentais circulando por lá. Cheio de turistas chineses se esbarrando nas pontes e nas lindas paisagens dos canais. Se eles que cresceram nessa cultura e vendo esse estilo arquitetônico ficam batendo um monte de fotos admirados, imagina para os meus olhos ocidentais que não estão acostumados com nada disso. A coisa toma uma dimensão bem maior.


Ruelas de Tongli





Esse consultório dentário mais parecia uma peça do museu da Odontologia
Sentei de manhã cedo na beira do canal para tomar um chá de jasmim e fiquei sentindo tudo aquilo ali. Um silêncio pois não passa veículo motorizado, cheio de passarinhos nas árvores, as gôndolas passando com os barqueiros vestidos a caráter (aquelas roupas tipo Kimono do Bruce Lee), o senhor da casa de chá onde estávamos preparando uns bolinhos enquanto colocava as outras cadeiras de palha para fora, e enquanto eu conversava com minha amiga chinesa...ela sempre decodificando o que nós víamos. Ela me disse que dois meses atrás ela acompanhou dois repórteres brasileiros que estavam fazendo uma matéria em Chengdu(onde ela mora e trabalha como guia turístico), eram da segunda maior TV do Brasil que ela não soube me dizer o nome, acredito que seja do SBT. Ela não soube me dizer nada sobre a reportagem, eu realmente queria assistir. Chengdu, que será minha última parada antes de entrar no Tibete é famosa pelos parques com pandas, e regiões onde tem pandas selvagens.
 
Tomando chá na margem de um canal em Tongli

Na casa de chá


A China é uma das civilizações mais antigas do mundo, das que ainda existem. Tudo aqui remonta de cinco mil, oito mil anos...os museus são uma coisa de louco. Eles inventaram um monte de coisa, e tem todas essas histórias nos museus. Os artigos mais famosos, aqui e no mundo, por toda a história e tradição são a seda, o chá e a porcelana. E eu tenho vivenciado bastante isso, vendo em vários museus a história e a evolução disso, tomando muito chá, vendo como eles tem a tradição do chá tão forte em sua cultura, vendo todos esses artigos de seda (e usando uma camisa...), e a porcelana em todos os lugares, nas xícaras que tomamos os chás, decorações de vários lugares e nas peças antigas com desenhos bem característicos das paisagens e figuras chinesas. Vi também uma outra cena interessante, um funeral. Um grupo andando e tocando instrumentos de sopro, tipo banda marcial e um cara com a foto do falecido na dianteira. Depois eles pararam na frente de onde eu acredito que era a casa do sujeito, e tinha uma roda feita com umas cinzas e no centro alguns objetos e roupas, além de miniaturas em papelão de carro, casa, barco...que provavelmente iriam atear fogo. Depois cada um deles tomou um copo de chá que tinha numa bacia e entrou na casa, provavelmente pra fazer a última homenagem.
 
O funeral

E viemos então para Suzhou, uma cidade de mais de 2.500 anos (nessa região tem locais que são habitados a mais de 5.000 anos!!) descrita por Marco Polo como uma das cidades mais bonitas da China. Vim aqui pra constatar um provérbio que imortalizou a fama de Suzhou, que diz:” No céu tem o paraíso, na terra Suzhou e Hangzhou”( o meu próximo destino) . A imagem de Suzhou como “ A cidade dos Jardins” e “ A Veneza do Oriente” está bem representada num parque que fui visitar, o Humble Administrator’s Garden, o maior da cidade, um parque de mais de 500 anos. Gostei muito do Jardim de Bonsais dentro, com mais de 1.600 bonsais!! Fui também no Museu de Suzhou, com arquitetura futurística impressionante, mas um acervo que deixou a desejar,eu estou ainda com o Museu de Shanghai na cabeça que é dez vezes maior... No século XIV , Suzhou foi a principal cidade na China no comércio da seda. De recordação comprei uma camisa de seda de estilo chinês, estampada com uns ideogramas (inclusive o ‘Fu’).
 
Humble Administrator’s Garden  o maior jardim de  Suzhou


O Jardim de Bonsais

Numa rua do centro antigo de Suzhou


O escultor olhando no espelho para ver o detalhe do nariz...

Num outro parque em Suzhou

Os chineses trabalham que nem escravos, eles trabalham muito com cargas horárias enormes e ganham muitas vezes bem menos que o salário mínimo que é em torno de 260 reais, tipo 100-150 reais pra trabalhar 11-14 horas por dia, por isso que eles conseguem produzir muito a um custo irrisório. Eles conseguem falsificar tudo, fazer tudo que se imagina de baixa qualidade e um preço que é uma fração do produto original. Na maioria dos estabelecimentos comerciais tem um máquina pra verificar se o dinheiro é falso, eles têm cópias perfeitas até de dinheiro!!! Tinha umas num albergue que eu passei, perfeitas mesmo.
Daqui sigo para Hanghzou.
Retrato