Colecionando lembranças

Vang Vieng - Laos, 29 de novembro de 2010.

Desculpem a demora de mandar notícias...ando muito “ocupado”. É que eu só consigo escrever alguma coisa quando estou relaxado e com tempo livre e esses momentos, por mais estranho que pareça, não são tão frequentes porque geralmente eu estou passeando, ou cansado, ou de ressaca ou junto com alguma galera que é difícil de me isolar para produzir alguma coisa.     
De Pai fui para uma cidadezinha na fronteira entre a Tailândia e o Laos chamada Chiang Khong, onde pernoitei para atravessar pela manhã para o outro lado do rio Mekong, na cidade de Huay Xai já no Laos, onde peguei um barco para Louang Prabang, passei 4-5 dias por lá. Foram dois dias subindo o rio Mekong, na verdade duas etapas de 6-7 horas por dia,  parando para pernoitar na vila de Pakbeng que é mais ou menos no meio do caminho. Moleza pra quem mora na região amazônica...quando eu morava no alto rio Negro eram 4-5 dias de barco para Manaus !! Já deu pra sentir umas diferenças nesses primeiros contatos com o Laos...na chegada gente oferecendo ópio, alguns temperos que ainda não tinha visto...
Cruzei a Tailândia de ponta a ponta, saindo pelo extremo norte.

 O rio Mekong é muito importante nessa região da Indochina, no Laos ele tem um percurso de 1.800 km cruzando de norte ao sul antes de seguir para o Camboja, porém ele não é navegável em alguns trechos. Formam-se paisagens bonitas ao longo do rio, já que ele percorre um vale entre montanhas ...e também pelas rochas que vemos no caminho.

Rio Mekong

Imagens do rio Mekong

O Laos até meados da década de 50 estava sob o protectorado da França, onde somente em 1959, depois do fim da Guerra Fria teve sua total independência. Apesar de ter sido fortemente atacado na Guerra do Vietnã, inclusive sendo o país mais bombardeado na história das guerras modernas( calcula-se que tenha sido alvo de 150 mil mísseis e 2 milhões de toneladas de bombas!!!), o povo é feliz e não se mostra abatido pelas tragédias.Vemos em Louang Prabang, que é uma cidade na margem do rio Mekong, sinais da dominação francesa na arquitetura, nas placas dos principais prédios públicos...e alguns habitantes mais antigos ainda sabem falar um pouco de francês, acredito que seja da mesma forma como Macau, na China...com os resquícios da colonização portuguesa que datam da mesma época.
Numa rua de Luang Prabang...isso é tipo um pão, com uma massa mais pegajosa, cozido no vapor.

Tuk Tuk em Luang Prabang


O Laos é um país muito pobre, talvez o mais pobre do sudeste asiático. Eu senti alguma semelhança com as cidades ribeirinhas da região amazônica..apesar de estar do outro lado do mundo mas me senti num ambiente familiar...tenho convivido com a simplicidade de cidades ribeirinhas há alguns anos...talvez quem venha de grandes centros urbanos sinta muito mais a diferença.
Uns dias antes de vir pra o Laos, eu tava falando no msn com o Francis um amigo meu canadense gente boa que até já passou um tempo em casa lá em Belém, e por coincidência ele disse que sua irmã estava morando em Louang Prabang (LP) havia 2 meses, que era meu próximo destino. Legal quando acontece essas coisas. Chegando em LP procurei ela, gente finíssima, e através dela conheci uma turma muito bacana que passei esses dias. Ela trabalha com crianças e, assim como muitos estrangeiros, tem moradia, alimentação e uma pequena quantia por mês em troca dos serviços. Isso é bem comum esse tipo de trabalho meio voluntário que os estrangeiros fazem por aí a fora, como na Nova Zelândia que é muito comum o trabalho em albergues em troca da hospedagem. Passeando pela cidade,  me deu vontade de conhecer o hospital municipal para ver a situação da Odontologia do local, queria ver se tentava também algum atendimento voluntário por aqui, seria interessante. No primeiro dia o consultório estava fechado, tudo bem voltei lá sozinho no outro dia num horário diferente, tipo 3h da tarde...nada, parece até que tava abandonado...tentei saber alguma informação no hospital mas não consegui comunicação nenhuma, ninguém falava inglês ou francês. Fiquei meio chateado, seria uma experiência legal que eu poderia até prolongar minha estadia em LP, mas não foi desta vez.
Um dia eu tava pedalando pelos arredores da cidade e vi uma placa que indicava 32km pra chegar na cachoeira de Kuangsi, uma das maiores atrações da cidade.... e resolvi encarar, não é tão longe mas numa região montanhosa e com uma bicicleta pesada...mas foi bacana no caminho fui cruzando  pequenos vilarejos e paisagens montanhosas bem bacanas com plantações de arroz, e cheguei no parque onde fica a cachoeira de formação calcária que forma várias piscinas de água transparente/azulada. Lá tem também um parque de recuperação de ursos que são resgatados de caçadores...foi um dia muito bacana...pedalei quase 70km.
Cachoeira de Kuangsi...valeu a pena a pernada até lá, né !!!

Luang Prabang

 De noite dei uma volta no night market do centro da cidade que tem todo dia e tem muita coisa legal, uns bordados e umas pinturas bem bonitas, comprei umas pinturas num papel feito de forma artesanal aqui em LP, tipo reciclado, com umas escritas e uns desenhos de monges, pois aqui no Laos foi onde vi mais monges pela cidade, inclusive eu tava num templo fazendo umas fotos de uns painéis bem bacanas que tinha na parede de um templo que mostrava umas passagens de Buda... e um dos monges puxou conversa comigo...foi a primeira vez que isso aconteceu...eles gostam de falar com estrangeiros para treinar o inglês que eles aprendem nos monastérios.


Vilarejo próximo a Luang Prabang...fiquei encantado com o sorriso dessa menina.

 Gosto de comprar coisas que me façam lembrar da cidade ou do país....eu deixo passar uns dias pra ver o que é mais característico pra mim. Estou colecionando souvenirs. Numa viagem como essa podemos fazer qualquer coleção: tem gente que gosta de pratos de parede, garrafas de bebida, ímãs de geladeira, sei lá... , eu escolhi colecionar coisas que futuramente me transportem para aquela cidade de novo. Uma das coisas que sempre quis, e estava meio atrelada à vontade de conhecer o mundo, era ter em casa um monte de coisa pendurada na parede de vários lugares do planeta, para quando eu estiver em casa e ver aquela estátua lá duma ilha qualquer do pacífico ou aquele quadro bem simples na parede...pode até não ser tão bonito e ninguém gostar...mas com certeza ele vai me levar para aquele país de novo e vai me lembrar de alguma sensação gostosa que tive por aí...    



Sobre línguas e ônibus

Louang Prabang - Laos, 24 de novembro de 2010.

Muitos dos temas paralelos que eu abordo aqui surgem de conversas,  com alguém que conheci pelo caminho ou de algum amigo do Brasil que converso pela internet. Me fazem umas perguntas que depois fico pensando naquilo e acabo escrevendo alguma coisa sobre o assunto, por isso que gosto de conversar com quem está do outro lado, em outra realidade...me faz prestar mais atenção na realidade que eu estou.Ainda agora por exemplo passei um tempão batendo papo na net, e tô cheio de ideias na cabeça...vou esclarecer algumas curiosidades.
Quanto à comunicação, é impossível se comunicar com os habitantes locais aqui na Ásia na língua local...o que a gente se esforça pra aprender são palavras básicas tipo: olá , obrigado, licença...no máximo! É legal saber essas palavrinhas, na Tailândia por exemplo usei demais o Karp kun Krap que na Indonésia é Terima Kashi (obrigado)...Aqui no Laos, a gente passa de bicicleta, as crianças gritam Sa Bay dii !!!! que é uma saudação, tipo oi, olá!! Falar pelo menos um obrigado, na língua do país torna a relação com os locais um pouco mais amigável... E agente aprende algumas palavras, pra poder entender as placas... lendo nos guias e de tanto ver na rua,por exemplo: templo, rua, mesquita, porto...que ajudam na localização. Mas a gente se vira, pois nessas cidades por onde passa muito turista, todo mundo que trabalha no comércio próximo a locais de concentração de turistas fala, ou melhor, sabe umas palavras em inglês pra poder vender seu produto, seja nas barraquinhas de comida, nas feiras, lojas...quem desenrola melhor são os caras de agência de turismo, os que trabalham nas pousadas e alguns motoristas de tuk tuk (taxi).
Por exemplo, a tia que vende comida, ela não conversa em inglês, mas ela sabe os números pra poder cobrar, sabe também: arroz, macarrão, vegetais, galinha, porco, pimenta e se é frito ou sopa(aqui 90% das comidas das barraquinhas de rua levam esses ingredientes!). Ela não vai bater papo contigo, tu vai pedir o prato(escolhendo uma combinação desses ingredientes que falei..) ela diz o preço e acabou a conversa. Já em locais mais afastados, a coisa muda. Tenho que apontar o prato que quero, ou o que quero comprar e a tia mostra o preço numa calculadora ou escreve num papel ou mostra as notas do valor correspondente. Já acostumei com isso, eu lembro do primeiro impacto que tive com esse lance de me comportar como surdo e mudo...foi em Hong Kong, achei muito bacana. Agora virou rotina. Mas tem coisa engraçada...pedir informação sobre como chegar em algum local por exemplo...o cara te explica que vc tem que passar a primeira, a segunda e dobrar pra direita na terceira e depois quando ver um sinal, dobrar pra esquerda!! Isso tudo numa língua que vc não entende uma vírgula, mas só pelos gestos dá pra entender. Tô ficando bom de mímica...eheheh ...vai ser útil pra brincar daqueles jogos, tipo  Imagem e Ação ...
Uma dica: ao pedir uma informação na rua sobre a direção de algum lugar que você quer ir, nunca pergunte assim: A estação de trem é para lá? (apontando a direção) Eles não vão entender e vão concordar contigo. Sempre pergunte: onde é a estação de trem? Aí se a pessoa entender, ela vai te dar a informação correta. Normalmente, quando a pessoa não entende o que vc tá falando..ela concorda! Acontece direto...imagina só, vc tá meio perdido, acha alguém e pergunta: - Onde é a estrada para a cachoeira? E ela responde com toda a convicção: - Sim!  ...rsrsrsrs
Agora sobre o transporte. Tem gente que compra pacote turístico, porque é mais fácil...pra não se preocupar com passagem. É lógico que isso varia, tem gente que não quer perder tempo e nem gosta de transporte público. Mas numa viagem longa, isso faz parte do passeio.
 É simples. Primeiro você tem que saber muito bem no mapa a direção que tá seguindo, isso é básico. (Sou aficionado por mapas, cansei de dormir debruçado num atlas.) Depois ler no guia, ou perguntar pra alguém...pro Google, pra alguém da pousada onde vc está ou alguma agência. Sabendo qual a melhor opção pelo custo/benefício, você parte para a segunda etapa: qual é? Comprar a passagem! Muito bem! Aí você vai ou na estação de trem, ou na rodoviária ou no porto e compra o ticket! Simples não é. Depois é só embarcar, e esperar chegar no próximo destino. Eu tô falando isso meio em tom de brincadeira, porque muita gente tem medo disso. Muita gente acha loucura ou uma aventura do outro mundo mochilar pela Ásia ou Oriente Médio. Como expliquei pra minha mãe que estava apavorada antes de eu viajar: as pessoas tem medo do que elas não conhecem, e pensam que aquilo é um bicho de sete cabeças. O mochileiro é sensato, ele estuda sobre o assunto. Temos guias bem completos sobre os países e qualquer dúvida tem na internet. Agora por exemplo, estou em Louang Prabang e quero ir para Vang Vieng também aqui no Laos. Pra quem está aí no Brasil, deve pensar: meu Deus como ele vai se locomover lá no Laos, deve ser difícil !!! Mas estando aqui é besteira. Depois de um tempo de estrada, algumas dúvidas ou receios que você tinha desaparecem completamente. O mais importante de tudo, é a pessoa buscar informação e depois ter coragem de encarar o novo. E esse gosto pelo novo que me torna corajoso. Em relação ao perigo...me sinto muito mais seguro viajando aqui do que no Brasil, onde tem assalto a ônibus direto e assalto nas ruas.           
Vamos conversando...


Relax nas montanhas do norte

Subindo o rio Mekong- Laos, 21 de novembro de 2010.


Pai é uma vila bem pequena, situada ao norte de Chiang Mai (norte da Tailândia), que faz parte da província de Mae Hong Son, bem perto da fronteira de Myanmar.  É bem sossegado, é um local frequentado por hippies desde a década de 70, e como é uma região montanhosa, chega até fazer um pouco de frio de noite....tem que passar por mais de 1.700 curvas pra chegar até aqui!!!  Fiquei num bangalô bem na margem do rio Pai, um lugar muito agradável e tranquilo, os bangalôs são todos feitos de bambu, assim como a ponte que dá acesso à vila, o bar na beira do rio e toda a área ao redor ... onde a gente relaxa olhando pro céu ouvindo o barulho da água correndo. Da mesma forma como aconteceu com todos os lugares na Tailândia, foi um lugar que me deu vontade de passar mais uns dias, mas usei a mesma tática que consegui sair de Bangkok...no terceiro dia comprei logo a passagem para o próximo destino, pra não dar chance de ficar mais tempo.
Aproveitei aqui para comprar uma lembrança para o meu pai, tem algo mais significativo do que comprar uma camiseta “ I love Pai” para o seu pai... em Pai, uma vila minúscula no norte da Tailândia!?!?!                Pai (o meu)...te amo !

O lance aqui é diferente dos outros lugares por onde passei, ninguém vem pra cá pra ver templo como em Bangkok e outras cidades históricas, fazer algum  curso como em Chiang Mai,  fazer farra, mergulhar ou curtir praia como nas ilhas do sul, ou esportes radicais como em Krabi...o negócio aqui é justamente curtir a natureza e o clima relax das montanhas....tem vários hotéis e campings bem isolados nas montanhas ao redor da cidade...
Aluguei uma motinha por uma enorme quantia de 5 reais a diária !!!! chegou a ser mais barato que na Indonésia(9 reais). Uma diária de moto no interior do Pará chega a custar 60-70 reais!! Tem coisa aqui que é tão barato, que dá vontade de rir. Que nem a diária do albergue em Chiang Mai = R$6,50  (com chuveiro quente e internet grátis)... a passagem de ônibus em Bangkok = R$ 0,40  ... Como dizia o Malvir, o gaúcho que passei uns dias em Ko Phangan : “Aqui nós é rei !”
Cruzei pequenas vilas próximas de Pai, pra ver umas plantações de arroz nas montanhas, fui numa cachoeira e rodei pela vila...bem gostoso o clima aqui. De noite fiquei no lounge do bar  na margem do rio, tem umas almofadas pra gente sentar no chão,  uma fogueira, umas tochas ao redor...e depois começou uma roda de violão que rolou , além das internacionais, música tailandesa, e tinha na roda um grupo de franceses que mandou músicas francesas da melhor qualidade(adoro música francesa). Foi uma noite bem bacana.


Que noite bacana na beira do rio Pai...

No outro dia, tava saindo pra fazer outro roteiro e cruzei com o Lorenzo um italiano que conheci na noite anterior, ele também ia rodar  de motinha...e fomos juntos. Tem muita gente que viaja só, aí é comum  um convidar o outro pra fazer alguma coisa. Tipo assim, você tá no albergue, e tem um cara de bobeira, e você tá de saída...convida o cara, pra sair junto e depois se junta com uma outra turma no meio do caminho e temos uma noite muito divertida como se fossemos amigos há anos...é muito legal isso. 
Eram os primeiros dias dele na Tailândia,  ele ainda não tinha visto elefante...e ao redor de Pai tem vários criadores onde podemos fazer um passeio sem intermédio de agência, que sai bem mais barato. Aí pra acompanhar ele fiz de novo um passeio de elefante, só que desta vez o circuito foi diferente, ao invés de subir e descer montanha, andamos pelo rio Pai....foi muito doido também...tivemos uma interação bem maior com o bichão, e não tinha cadeirinha, era sentado direto no lombo...os caras treinam os elefantes para brincar na água...eles jogam um esguicho de água na gente com a tromba, se deitam ... e a parte mais divertida: brincamos de rodeio!!! O treinador dá o comando e o bicho fica chacoalhando pra te derrubar na água....a gente pula em cima dele de novo, e le derruba agente na água...foi legal demais!

Segura peão !!!!


Tem gente que vai de carro, outros de moto...
Como eu não tenho pressa..

Passamos por uns cânions, onde temos uma vista bem bonita das montanhas, depois numa cachoeira bem legal , só que a água tava muito gelada que não deu pra ficar muito tempo. Essa cachoeira tinha uns 20 metros e era rodeada por uns paredões de rocha...a água fazia um barulho muito alto que fazia  eco...por alguns instantes me transportei pras cachoeiras de Carolina no Maranhão, engraçado como isso acontece. Assim como, às vezes,  um cheiro nos leva para alguma cena lá da nossa infância, vocês já sentiram isso? Sentir o cheiro da casa da sua tia ou da sua avó em algum outro lugar...sentar  e ter como se fosse uma regressão por alguns segundos, você se vê criança correndo na casa da vovó, que emenda na cena dela tentando colocar merthiolate no seu machucado e você chorando... de repente você se toca e volta pra realidade...aí alguém pergunta... o que foi?  Você diz: nada não, tava viajando...  Senti isso andando na rua em Yogyakarta na Indonésia, vi numa esteira no chão uma senhora vendendo patchuli (uma raíz que tem um perfume muito agradável, conhecida na minha terra como Cheiro-do-Pará), peguei um maço, senti aquele cheiro...fechei os olhos...fui no Ver-o-Peso e voltei....é muito interressante isso, como os cheiros se relacionam com sentimentos em nossa mente, eles tem uma interligação tão forte e de uma forma tão subjetiva...eles ficam guardados em algum labirinto na nossa memória, e passados 10, 20 anos você sente aquele perfume  e a emoção surge de algum lugar...como uma mãe que perde um filho, podem passar 30 ou 40 anos...se ela sentir o cheiro da roupa dele em alguma camisa, certamente ela vai chorar de saudade.
 Acontece também não só com cheiros, mas com  imagens e sensações  que você se depara e  lhe  levam pra algum lugar bem distante. Em Carolina tem umas cachoiras magníficas com o mesmo formato: rochas imensas de forma semi-circular onde o estrondo causado pela queda d’agua dá uma energia no local que chega a emocionar...só quem já foi na cachoira do Santuário em Carolina vai entender o que  estou falando.


Onde é que eu tava mesmo...ah tá, no passeio em Pai !! Depois pra termirar o rolê entramos num spa muito charmoso no meio das montanhas, onde tem umas fontes termais...ficamos relaxando de molho numa piscina de água quente...minhas últimas horas em Pai e na Tailândia, pois de noite embarquei para a fronteira do Laos . Foi engraçado , o busão estava atrasado quase duas horas eu tava bem esperando....e do nada me lembrei das roupas que deixei no varal lá no bangalô!!! Fui correndo,atravessando a rua estreita onde tem um mercado noturno cheio de gente...atravessei a ponte e resgatei minhas roupas...ainda bem que teve esse atraso se não o próximo post seria “Sem cueca no Laos”....rsrsrsrs
Passear e andar de elefante cansa...nada como uma água quente pra relaxar...

Volta às Aulas


Pai, 20 de novembro de 2010.

Cansado de vadiar, em Chiang Mai e me matriculei num outro curso, dessa vez  de Massagem Tailandesa !
Se dermos uma olhada na história da tradição da massagem tailandesa, fica claro que não se trata de uma simples atividade, ela sempre foi considerada uma prática espiritual interligada aos ensinamentos de Buda...antigamente a massagem era ensinada e praticada dentro dos templos  e muito tempo depois ela veio para fora dos locais sagrados...é uma história antiga mesmo( a era Buda existe há mais de 2.500 anos!).
O método autêntico exige toda uma concentração, meditação...é iniciada com uma oração para evocar os poderes da natureza, blá blá blá... Atingir esse estágio mental, para que haja um fluxo de energia espiritual durante a massagem é uma coisa muito difícil, inclusive aqui na Tailândia existe somente alguns poucos mestres com essa habilidade.
A diferença da massagem tailandesa para a “massagem clássica” é que nesta última o foco é o relaxamento muscular e emocional simplesmente, onde são trabalhados os músculos e pontos sensíveis do corpo. Já na massagem tailandesa isso é um objetivo secundário, o principal  visa a energia do corpo...pontos estratégicos de energia são pressionados durante as sessões. Na verdade os fundamentos se fundem com o yoga, podendo ser chamada também então de “massagem yoga”...pois aprendemos alguns movimentos de alongamento que promovem a circulação de energia do corpo da mesma forma.
Gostei muito do curso, os movimentos da massagem são diferentes, usamos mais o peso do corpo e outras partes do corpo além das mãos, tipo os joelhos, o antebraço...quado chegar em Belém, com esse certificado de massagem tailandesa, já dá pra fazer um bico de massagista!!! Rsrsrsr
estudando...

Agora sou massagista !

Finalizando minha passagem por Chiang Mai teve também o mercado noturno que é imenso, são várias ruas com barracas onde toda noite eles vendem roupas, artesanato, comida e etc todos esses dias eu passei com a grupo do trekking, uma galera muito gente boa.  Daqui eu sigo para Pai, uma pequena vila mais ao norte.
Cores de Chiang Mai

Nossa galera em frente ao Reggae Bar, impossível ficar sozinho na Ásia !!

Peço-lhes um favor

Chiang Mai, 17 de novembro de 2010.

Uma coisa que chama muita gente pra cá são os trekkings, eu fiz um de dois dias pra uma região um pouco mais ao norte de Chiang Mai. Mermão, foi um dos passeios mais bacanas que fiz até agora. Nosso grupo eram 10 :tinham 2 do Canadá, 2 da Alemanha, 3 da França, 1 de Belém, 1 da Holanda e 1 dos EUA. Uma galera muito bacana, isso ajudou para que a diversão fosse completa. Começamos passando por umas vilas nas redondezas de Chiang Mai, paramos numa fazenda que tinha um orquidário muito bonito, e um borboletário - o nosso borboletário do Mangal das Garças(em Belém) deixa esse aqui no chinelo -  entramos numa estrada de chão que nos deixou no início da trilha. Foram umas três horas de trekking pela floresta, subindo e descendo montanhas, cruzando riachos e  plantações de arroz ....legal demais! Até chegarmos numa fazenda de plantação de arroz que tinha também um campo de treinamento de elefantes onde iríamos passar a noite.
Cruzando as plantações de arroz...esse era o nosso guia

A trilha..

A vista durante a trilha...

A vista de dentro da cabana onde passamos a noite.

 Programação da tarde: andar de elefante!!!! Eu tinha lido alguns relatos de que andar de elefante era monótono, não tinha nada demais...mas mermão eu me diverti pra cacete!!!!! Porque não foi um passeio em linha reta num campo aberto...nós subimos uma montanha!!! Mermão imagina o que é subir uma montanha no lombo dum elefante, e lá de cima avistar as plantações de arroz...foi um dos programas mais exóticos que fiz aqui na Tailândia. Comecei sentado naquele banquinho que eles colocam no dorso do bicho, mas eu queria mais emoção e pulei pro pescoço...a gente bate com o pé na orelha do bichão quando ele empaca... foi demais!
 No final, do passeio, como nessa fazenda também tinha uns grupos que iam pra lá aprender sobre tratamento dos elefantes, tava começando uma desses cursos e eu morceguei a introdução de um curso...o guia falou das diferenças entre elefantes africanos e asiáticos...os africanos são maiores(4-5m), tem orelhas maiores devido ao calor ( eles usam a orelha para se abanar, e com o uso elas se tornaram maiores , por adaptação) e eles são mais agressivos, por isso que na África eles tem que matar o elefante para tirar o marfim!! Já os asiáticos são menores(2-3m)  e hoje em dia eles tiram o dente (marfim) não só para vender, mas para evitar acidentes....quando eles batem e quebram o dente, causam infecções que pode lavar à morte do animal...falou também sobre uns criadores que matam os elefantes para não ter mais dispesa(eles comem cerca de 250kg por dia!) quando eles já estão ficando velhos e não dão mais conta de ‘trabalhar’...e sobre as iniciativas do governo tailandês para ajudar os criadores  e etc. Foi interessante, eu nunca tinha assistido uma aula sobre elefantes!!!
No comando...como o caminho era íngreme, todo momento eu sentia que o bicho ia tropeçar numa pedra e rolar ladeira a baixo...ia ser uma queda feia! 

Na chegada...aí deu pra relaxar

O treinador que guiou o passeio...ele é de Myanmar... mastigava uma semente que o deixava com um sorriso vermelho...mas ele saiu na foto de boca fechada.

Depois tomamos banho num laguinho, organizei lá um campeonato de natação pra agitar a galera. Eles foram pra cabana trocar de roupa e eu quis ficar mais um pouco sozinho, olhando a paisagem da beira do laguinho, ao lado das plantações de arroz. Era uma paisagem e uma atmosfera tão gostosa...imagina descançar na beira dum lago, numa fazenda no norte da Tailândia, ao lado de plantações de arroz depois de ter andado de elefante!!! Peguei um violão que tinha lá e fiquei ensaiando umas notas...não sei porque naquela hora me deu vontade de cantar  Belém-Pará-Brasil -uma música bem ufanista da minha cidade...
Curtindo o visual na beira do lago...ao fundo as plantações de arroz.
 Jantamos numa outra cabana, tudo bem rústico, feito de bambu...eu tava gostando muito de tudo aquilo...e depois do jantar fizemos uma fogueira e ficamos, quer dizer, fiquei tocando violão pra galera...não tinha nenhum tocador, tinha que ser eu mesmo...só cantei músicas em português,  ninguém entendeu porra nenhuma só sentiu a melodia...mas eu curti pra caramba...  hahaha Foi uma noite muito gostosa.
Nosso jantar

No outro dia levantamos acampamento...trilha pra uma cachoeira...nos divertimos pra caramba, pulando lá de cima, brincando de escorrega-bunda...se juntou com a gente um outro grupo, agora éramos 15 !!
Depois mais meia hora de piçarra, até um riacho onde fizemos rafting. Foi muito doido percorrer as corredeiras naquela região...e depois pra relaxar fizemos um rafting numa jangada de bambu, esse não teve emoção, foi só pra relaxar.
Fiz uma amizade muito bacana com o grupo, inclusive depois que voltamos para Chiang Mai ficamos juntos nos outros dias pela cidade


Paisagens durante o rafting...


Na jangada de bambu...

De lá paramos numa vila, todo mundo já deve ter visto na televisão...das mulheres- girafa. Elas são de uma tribo que veio da antiga Birmânia...e usam aqueles anéis no pescoço e nas pernas desde crianças que vão sendo trocados com os anos , chegando a pesar até 10 quilos, fora o das pernas..o motorista da caminhonete que tava comigo disse que esses anéis serviam para impedir contato com os homens(não sei se dá pra impedir de verdade...rsrsr) e também por causa dos ateques de tigre...Enfim, eu não sei se elas continuam usando esses anéis no pescoço pois realmente querem manter a tradição, ou se é por dinheiro...pois a entrada nesta vila é paga, e elas vendem seus bordados...Elas passam o dia tecendo, eu comprei um chale de uma delas pra guardar de recordação, segui a orientação do tailandês que tava comigo ... me disse que ao comprar, que eu desse preferência para uma delas que estava grávida.
Homem-girafa

Essa é a que tem o maior pescoço...

Explorar a Tailândia, desde o extremo sul, passando pelas ilhas com paisagens exuberantes, praias belíssimas e noites extasiantes na praia...passando pelo exotismo e  a beleza dos templos de Bangkok, seguindo por cidades históricas, coloridas e cheias de cultura...chegando ao norte com outras atividades e paisagens inesquecíveis. Depois de eu ter feito tudo isso, vou pedir um favor. Façam isso pelo menos uma vez na vida, venham pra Tailândia. Um mês de férias é o suficiente. Vocês não vão se arrepender nunca, e vão se lembrar para sempre. Diferente daquela roupa nova de marca que você nem precisa, televisão de LCD com um monte de polegadas, computador último modelo, aquela comida caríssima do restaurante, celular novo cheio de funções...que em pouco tempo sumirão ou serão esquecidos.  

Pegadinhas e Strikes

Chiang Mai, 16 de novembro de 2010.
Mapa do norte da Tailândia


Chiang Mai fica no norte da Tailândia, é considarada a capital cultural do país, aqui tem curso pra tudo que é lado...culinária, massagem, tiro, golf, muay thai, tratamento de elefantes, meditação, yoga, sobrevivência na selva, entre outros...
No dia que eu cheguei, fui fazer o reconhecimento da área de bicicleta, e fiz uma brincadeira que eu me amarro..brincar de me perder, coloco o mapa no bolso e vou andando sem rumo, vou pra longe...e quando tô cansado procuro o rumo de casa, quer dizer , do albergue ( na verdade, me sinto em casa no albergue, já que estou morando no mundo por uns meses...). Tudo que vejo legal eu encosto: um templo, uma praça, um mercado...isso é bacana pra sentir a cidade, sentir o cheiro da cidade e participar do cotidiano dos habitantes locais. Essa é a diferença entre mochilar e fazer turismo através de pacotes turísticos e excursões, onde se visita os pontos turísticos com hora marcada pra voltar pro ônibus...sem sentir nada do trajeto, isolado dos sons da rua, do cheiro dos temperos das barraquinhas de comida de rua, das crianças brincando, das senhoras idosas varrendo a porta da casa, mulheres regando as plantas com carinho.... Ver tudo isso tranquilo, sem pressa, é muito prazeiroso, pra mim é a essência de uma viagem.Tem gente que não se liga nisso e se importa muito mais em escolher um bom hotel, pra usufruir das mordomias, do luxo...e deixa de vivenciar outras experiências extraordinárias que não precisa gastar dinheiro. Respeito a opnião de quem não quer sair de casa pra “ficar sem conforto”...ainda bem que as pessoas são diferentes.
Esta é  a segunda maior cidade da Tailândia, mas é bem tranquila, nem se compara com a poluição e a cagada de Bangkok... é também a cidade que tem proporcionalmente mais templos em todo país...são mais de 300 !!! Eu já cansei de ver templo, entrei em alguns aqui, coisa rápida de bicicleta mesmo, demorei em alguns onde tinham uns monges fazendo alguma coisa... colocando alguma oferenda ou decoração. Entrei também numa Universidade Federal de Odontologia, só por curiosidade...equipamentos e instalações antigas, fiquei olhando as clínicas do lado de fora do vidro, os acadêmicos...eu queria entrar numa loja de materiais odontológicos só pra ver se tinha alguma coisa diferente...e pedi informação para uma das acadêmicas onde tinha uma loja e tal...disse pra ela que eu era ortodontista no Brasil...foi engraçado, ela me olhou dos pés à cabeça (eu tava todo jogado, de calça de pano com camisa colorida, chinelo e bicicleta!!!) e riu ..dizendo que eu tava de brincadeira, ela pensou que era alguma pegadinha eu acho...sabe quando a pessoa ri olhando pros lados... virou as costas e foi embora! Me deu uma vontade de mandar ela se foder pra longe, deixei pra lá....achei foi engraçado...andei por mais uns blocos da faculdade e fui embora, perdi a vontade de ir na loja.
Chegando de volta no albergue, já de noite, um camarada me convidou pra jogar boliche. É um alemão que veio passar uns dias aqui, e já está há 7 meses!!!  Fomos lá junto com uma amiga dele dona de um bar onde ele trabalhava aqui, era um shopping grandão....fiz uns 2 strikes, mas fiquei em segundo lugar no final... Tudo muito barato! Joguei boliche, bebi uma cerveja, jantei...tudo por 8 reais !!! Eu amo a Tailândia.  

Num templo de Chiang Mai

Tem lutas de Muay Thai direto aqui, num ginásio..tipo a cada 2-3 dias

Templos...

Sentindo a tarde

Meu albergue...

Esse peixe não consegui comer todo de tão salgado...mas o resto tava bom

Dando um rolê em Chiang Mai

E toma-lhe templo....