Sexta Maravilha

Roma, 10 de agosto de 2011.

Chegando na estação de trem em Viena, fomos tentar comprar o ticket para Veneza (Itália) onde faríamos um stop antes de seguir pra Roma. Aconteceu que não tinha mais bilhete...e na hora lá, a conversa foi mais ou menos assim:
- Não tem mais bilhete para Veneza.
- E pra onde é que tem trem pra agora?
- Como assim? Você quer ir pra onde?
- Pro sul.
- Olha, tem pra Zurique...
- Tá bom, me dá dois!
E assim incluímos a Suíça no roteiro, em questão de segundos na frente do guichê. Eu já fiz isso várias vezes, de mudar o caminho na hora. Não tenho receio algum de chegar em qualquer cidade que seja, de qualquer país do mundo, em qualquer horário, mesmo sem saber que rumo tomar quando chegar na estação.  Até gosto disso, acho tudo uma grande diversão. O meu conceito de perrengue  deve ter modificado ultimamente, pois não consigo enxergar nenhum perrengue. Acontece de algumas coisas precisarem de um pouco mais de paciência para serem resolvidas. É um caso de andar mais um pouco, pedir informação para quantas pessoas forem necessárias, esperar ou aguentar uma viagem mais demorada....mas tudo faz parte da brincadeira. Aquela história que no final tudo vai dar certo, e que se ainda não está dando é porque ainda não está no final, sabe? Isso é muito verdade, temos que usar muito esse pensamento durante uma viagem e nos dá tranquilidade para resolver o que vai aparecendo. Tudo é resolvível durante uma viagem, e todas as intercorrências que surgem têm que ser levadas na brincadeira. Muita coisa se resolve simplesmente perguntando: para achar albergue, saber sobre transporte, achar algum endereço, saber o que tem de legal para fazer, pra comer...perguntando se descobre qualquer coisa. Pode ser pela internet, ou perguntando para as pessoas na rua, não se deve ter vergonha ou medo de fazer as coisas sozinho. É esse o ponto chave que faz muita gente ter medo de viajar sozinho de forma independente e ir para países exóticos. Com um pouco de desembaraço e confiança se chega em qualquer lugar. Embarcamos para Zurique.
Zurique é uma cidade perfeita e a Suíça é um dos países mais desenvolvidos do mundo. Era domingo e o comércio estava fechado, talvez tenha sido melhor ver a cidade sem as lojas para não desviar a atenção. Somente algumas lojinhas de souvenirs estavam abertas, os canivetes e relógios brilhavam nas vitrines, mas não comprei nenhum...dificilmente uso canivete, e relógio perdi o costume de usar...e eram muito caros só pra enfeitar a estante, aliás tudo é muito caro na Suíça...tipo, um hot dog na rua custava cerca de 15-16 reais....impossível de comer!! Em relação aos gastos, de vez em quando entro em atrito com minha irmã(não sei porque mas não consigo me referir a ela aqui pelo nome...não lembro se já disse o nome dela : Lilianne ) e travamos alguma pequena discussão em relação a isso. Temos conceitos muito diferentes e somos tipos diferentes de viajantes. Ela por sempre viajar com tudo certinho e organizado puxando a sua mala de rodinha até o taxi, cruzou comigo depois de ter viajado de mochila por toda a Ásia, passado por países muito pobres, o que mudou mais ainda minha cabeça e me deixou ainda mais mochileiro que nunca. Ainda mais que minha viagem e meu orçamento foram planejados para 6 meses e eu dei uma ‘esticadinha’ de mais 6 meses...então a coisa está tendo que ser apertada para eu poder chegar até o final. E para ela, qualquer tipo de economia que quero fazer significa estar passando mal. Coisas que para mim são absolutamente normais, como andar por mais tempo com mochila nas costas, comprar comida em supermercado e preparar no banco da praça, aproveitar água de graça das fontes da rua ou da torneira(na maior parte da Europa, a água da torneira é potável), dormir em quarto coletivo ou no albergue/pousada mais barato que tiver, andar o dia todo... ela considera perrengue, desconfortável ou desagradável. Levando-se em consideração que na Europa tudo é alto nível e tudo muito fácil em relação a outros países por onde passei. O meu nível de exigência em relação a tudo, que já era baixo, agora está beirando o zero! Posso dormir em qualquer lugar, comer qualquer coisa, enfrentar qualquer temperatura, andar qualquer distância carregando peso ou não ... se houver necessidade. Sem que isso interfira no meu humor.   
Zurique

Mochilando na Suíça


Dia tranquilo nas ruas de Zurique

 De Zurique descemos mais um pouco para Milão, norte da Itália, onde passamos o fim de tarde e a noite. Na estação de trem tem várias lojas de girfes famosas, mostrando que Milão  é realmente a capital mundial da moda.... Depois de rodar pela cidade, já curtindo a atmosfera  da Itália , terminamos numa pizza maravilhosa.
A Catedral de Milão na Piazza del Duomo

A galeria Vittorio Emanuele ao lado da Piazza del Duomo,
 uma das principais atrações de Milão

Mamma mia !!

De lá para a região da Toscana, na parte mais central da Itália. Paramos em  Pisa, onde está a mais famosa torre do mundo. Centenas de turistas para ver de perto a torre erguida há mais de 900 anos e desde o início da sua construção, ela começou a tombar. Alguns painéis no local mostram toda a história do monumento, que servia como torre do sino da igreja, e todo o trabalho feito para conter sua inclinação.

A torre de Pisa

E enfim Roma, onde eu estava muito curioso para chegar. Primeiro porque eu queria visitar o Coliseu,  minha sexta Maravilha do Mundo, e por ter sido a cidade mais importante do mundo da antiguidade. Como de costume, morceguei a explicação dos guias dentro do Coliseu, sobre os gladiadores e sobre o império romano na época. Foi muito interssante ouvir aquelas histórias, lembrando dos filmes sobre gladiadores e vendo tudo aquilo ali....o local por onde eles entravam para a arena, o compartimento onde ficavam os animais que participavam dos desafios com os gladiadores, o local na arquibancada onde ficava o imperador ... com certeza as histórias ganham mais vida quando estamos dentro do local onde ela ocorreu. Andar pelas ruas de Roma é se admirar a todo instante, de repente dobramos uma esquina e aparece uma coisa magnífica: a Piazza Novona, a Fontana di Trevi, o Pantheon ... Entrei em várias igrejas pelo mundo, mas  a Basílica de São Pedro no Vaticano, a maior e mais importante igreja católica do mundo é de deixar qualquer um de queixo caído.
Roma é magnífica

O Coliseu

Contemplando mais uma Maravilha do Mundo

Nas ruas de Roma

Não vi o Papa, então eu mesmo abençoei o lugar...
Praça de São Pedro, em frente à Basílica de São Pedro- Vaticano

Piazza Navona


Um dos lugares que mais me chamou a atenção em Roma:
A Fontana de Trevi

Che spettacolo!! 

Na Basílica de São Pedro- Vaticano . A igreja maior,
mais importante e mais linda do mundo!!!

O Pantheon

 Pronto, agora só falta uma pirâmide lá no México para fechar as 7 Maravilhas do Mundo.
Passamos 3 dias em Roma, que não foram suficientes para ver tudo nem pra curtir a cultura italiana como eu gostaria. Já está chegando ao fim minha viagem, na verdade desde que minha irmã chegou já senti uma grande diferença, parece que ela trouxe um pouco do Brasil e passei a me sentir mais perto de casa. Por estar falando praticamente só em português( ou melhor, em paraensês) e por ela me contar as novidades do ‘mundo real’, parece que estou voltando aos poucos à realidade.

Giro pelo Leste


Viena – Áustria , 06 de agosto de 2011.

Quando cheguei na Europa para esta última etapa da viagem, já sabia que seria completamente diferente da forma que estava viajando antes. Sabia que seria mais corrido e não teria tempo de explorar os países da mesma forma como fiz na Ásia. A diferença cultural que sentimos nas cidades européias é infinitamente menor ou quase inexistente, comparada ao que sentimos numa viagem pelo oriente, especialmente na Índia/ Nepal e China, onde me senti um extraterrestre. Ainda mais nesse ritmo mais acelerado, impossível de explorar o país da forma que vinha fazendo. Mas desde antes de sair de casa eu sabia que seria assim, pois meu foco era a o Oriente Médio e Ásia.  Estou certo de que este tipo de viagem não é tão enriquecedora, e estou desviando da forma que gosto de viajar, mesmo assim está sendo deslumbrante as paisagens desse lado do planeta.  
Viemos dar uma volta pelo Leste Europeu e Europa Central começando pela República Checa, na capital Praga. Chegando lá, saí para procurar o albergue. Não estava entendendo, pois ao chegar no endereço, o que achei foi um cabaré! Andei por todo o quarteirão, e constatei que era lá mesmo o endereço. A entrada do albergue era a mesma entrada do cabaré. Nessa hora que estava na frente pedindo informação para o segurança da casa, tinha um casal na mesma dúvida, sem entender direito aquela situação. Ele disse que podíamos entrar que a entrada do hostel era por trás. Aí entramos, passamos pelo corredor, pela entrada da ‘danceteria’ e fomos esperar o elevador,... a primeira cena: quando chega o elevador, sai de dentro uma das moças que trabalham na casa, com uma saia que não cobria quase nada...digna de dançarina de cabaré. Entramos no elevador, e vi na fisionomia da namorada/esposa do camarada que ela não tinha gostado nada da situação. Ela não se controlou, e no elevador mesmo, antes que chegasse no nosso andar ela disse que não ficaria ali, não queria dividir espaço com as prostitutas. E falava isso tratando com se fosse uma qualidade muito inferior de pessoas. O camarada fez uma cara meio sem graça, meio constrangido da mulher dele estar falando aquilo na nossa frente...e tentou convencê-la a ficar dizendo que estava difícil de encontrar outro lugar,  e como eles ficariam só por uma noite, eles provavelmente só iriam sair e entrar mais uma vez. E a discussão continuou enquanto não abriam a porta do albergue. Naquela hora senti um grande constrangimento por estar vendo aquela atitude de pura discriminação. Eu até entenderia se ela estivesse sozinha, ou acompanhada de outra amiga, ou se fosse passar vários dias. Mas ela estava com o seu namorado e não quis ficar ali para não sequer cruzar de novo com alguma das dançarinas. Fico muito chateado quando vejo cenas de discriminação. Eles finalmente saíram e foram procurar outro hotel.   
Tudo em Praga é bonito, as margens do rio, a ponte Carlos que leva até o outro lado, onde cruzamos uma praça e subimos até o Castelo de Praga pra ver de perto a Catedral de São Vito, uma monumental catedral no estilo gótico. Na praça principal tem um relógio astronômico medieval construído no século XV que marca tanta coisa, a posição do sol, da lua, do zodíaco..., que fiquei uns dez minutos olhando e não consegui entender, rsrsrrs
Ponte Carlos em Praga, cheia de esculturas de santos

O complexo relógio astronômico

Praga 

Um dos prédios de arquitetura moderna nas margens do rio

Praga

A noite de Praga é famosa por ser uma das mais badaladas da Europa, me juntei com uma turma de uns oito franceses do albergue e fomos na maior boate do leste europeu. Enorme, com cinco andares e dois ambientes em cada andar. Foi uma noite muito bacana, desde a caminhada de uma hora para chegar na boate vendo as luzes da cidade, a noite toda de barulho onde até reencontrei o Felipe e a Lorena, dois brasilienses gente finíííssima que conheci numa outra boate em Berlim, e a caminhada de mais uma hora já pela manhã vendo a cidade acordar. Por isso que adoro albergue e não troco por hotel. Sempre conhecemos gente nova e geralmente é uma moçada cheia de energia que gosta das mesmas coisas. Não é só pelo preço, é pela moçada. Eu sempre tento explicar isso e poucos entendem... se me dessem para escolher pelo mesmo  preço um hotel 5 estrelas e um albergue com 20 camas no quarto, eu prefiro o albergue. Num hotel de luxo a gente não conhece ninguém, no máximo cruzamos com outros hóspedes rapidamente na recepção ou no elevador. No albergue a galera já vai querendo conhecer gente diferente e interagir. Se tem alguém bebendo alguma coisa, o pessoal chama, oferece, socializa, e logo vai crescendo o grupo, e tem mais gente para contar suas histórias e experiências. E só o que preciso para dormir é uma cama, nada mais.  
Passeando no dia seguinte...eu pensava que os óculos escuros
espelhados iriam esconder o cansaço da festa !!

O Castelo de Praga, da Ponte Carlos

Praça Central de Praga

De Praga descemos para Budapeste, capital da Hungria. O curioso é que a cidade foi formada pela fusão da cidade de Buda, com a cidade de Peste, que são separadas pelo rio Danúbio, passando então a se chamar Budapeste. Tomamos café no principal mercado da cidade, todo colorido com pimentas e bonequinhas coloridads que são típicas da Hungria,  em seguida cruzamos para o outro lado do rio passando pela Ponte das Correntes, um dos símbolos da capital húngara por ter sido a primeira ligação permanente entre Buda e Peste. Na outra margem visitamos o Castelo de Buda de onde se tem uma linda vista do rio Danúbio e de Peste.   
O colorido mercado de Budapeste

 Uma das pontes que liga Buda a Peste

Budapeste


Cruzando a Ponte das Correntes, de Peste para Buda

O Parlamento, visto do alto de Buda

A Ponte das Correntes

Um dos jardins do Castelo de Buda

Detalhe da Catedral no lado Buda

Uma vista mais ampla de Peste, do alto de Buda


Na corrida pelo Leste, descemos mais um pouco para Viena, capital da Áustria. Cidade enorme e cheia de atrações. Cruzamos a pé por vários parques liiiindos pela cidade. Cruzamos toda a margem do rio Danúbio que é uma verdadeira exposição de arte a céu aberto. O artistas expõem suas pinturas e esculturas, além dos grafites nas paredes, também  verdadeiras obras de arte. Falando em arte, Viena é o berço dos maiores expoentes da música erudita, fizeram carreira por aqui simplesmente Mozart, Beethoven, Strauss...entre vários músicos famosíssimos, fazendo de Viena a ‘Capital da Música Erudita’ do mundo. Pra todos os lados tem um monumento ou praça levando o nome de algum desses camaradas. Imaginem o que é andar pelas ruas ou pelos bosques de Viena, ouvindo alguma música clássica de um ‘conterrâneo’ no violino, tocada por um artista de rua!!! Outro camarada que fez carreira  na Áustria foi Freud, o pai da psicanálise. Ele viveu em Viena por quase 40 anos, e foi onde sua produção científica mais importante foi escrita. Visitamos o lugar onde ele morou por todos esses anos, onde ele também atendia seus pacientes. A casa agora é um museu, com vários objetos dele, rascunhos de suas obras, a sala de espera com os móveis originais, muitas fotos, histórias e objetos antigos que ele colecionava.  Viena foi uma cidade que realmente eu queria ter passado mais tempo para explorá-la melhor. 
Viena

Cheguei cedo pro festival

Qual é a rua do Freud ??

Na casa/museu do Freud, suas fotos e livros

A sala de espera

Esperando minha consulta...preciso me tratar
dessa compulsividade por viagens !!

Uma auto-filmagem nas  margens do rio Danúbio
(que não tem nada de azul, como naquela valsa...)

Parques de Viena...

Pensando na vida em um dos bosques de Viena...

Viena

Jardins de Belvedere

Jardins e Palácio de Belvedere - Viena

Admirando os vitrais de uma catedral em Viena

Um dia eu volto por aqui...

Turista nas ruas de Viena