O mundo real e a TV


Jerusalém, 30 de maio de 2011.

Gosto de documentários e reportagens sobre o mundo. No entanto agora vejo que temos que saber filtrar o que vemos pois eles podem produzir imagens errôneas ou causar falsas expectativas. Temos que ter cuidado para não fantasiar demais ao ver coisas na televisão na hora de decidir um roteiro de viagem. Em muitos lugares que passei, a ideia transmitida pelo vídeo não batia exatamente com aquilo que vi de perto. Não quer dizer que eu tenha me decepcionado, mas a ótica abordada é diferente do mundo real. Quase como a ideia de uma propaganda onde é enfatizado certas vantagens do produto sem mostrar  outros detalhes.
Analisando a situação: essa imagem que criamos no nosso imaginário após ter visto uma reportagem é processada pelo nosso “centro de curiosidade” e ele manda  a resposta para o nosso “centro de opiniões formadas”. Traduzindo: a nossa curiosidade vai avaliar essa informação sobre o assunto e vai dizer se gostou ou não. Vai fazer você trocar de canal, ou sentir vontade de conhecer aquele lugar. Por exemplo, quando eu estava planejando minha viagem, um amigo meu perguntou o que eu iria fazer no Camboja, chegou até a tirar sarro, quase me chamando de doido. -Por que tu não vais para cidades bacanas,Nova York ou pra Europa? Mas eu fiquei fascinado desde que comecei a pesquisar sobre o sudeste asiático. Mostrando que cada pessoa tem uma ideia diferente a respeito de outros lugares, e temos que tomar cuidado e selecionar as opiniões.
Muitos lugares que eu passei, pergunto para os meus amigos se eles já ouviram falar e eles dizem que já viram no Fantástico ou algo do tipo. Mas tenho certeza que a informação passada através da TV nunca é igual àquela que senti na pele. Nos programas de TV eles têm técnicas para prender a atenção do telespectador exaltando assuntos mais vendáveis, inclinado o foco para um exotismo um pouco exagerado. Muitas vezes pintam uma cena mais colorida do que ela realmente é, por meio de jogo de imagens,  músicas e um foco mais jornalístico. Mostrando  muitas vezes locais onde só equipes de jornalismo têm acesso.   
A televisão cria uma fantasia, exemplo do filme antigão do Rocky Balboa quando ele passa correndo na rua subindo escadarias ...é uma cena bacana porque tem uma música empolgante e sabemos que ele está treinando para uma grande luta. Mas se vemos na rua um cara correndo e dando socos no vento, vamos achar no mínimo esquisito. Ou então aqueles documentários da Nacional Geografic sobre safáris na África, com cenas fantásticas de leopardos correndo a 100 km/h e pegando a zebra. Com certeza se formos fazer um safári na África não vamos ver nunca uma cena daquelas. O mesmo acontece com fotos, acredito muito mais em fotos batidas por alguém que foi no local a turismo, do que sites promocionais com fotos aéreas e cores alteradas por computador.
A Índia, depois da novela “Caminho das Índias” da Globo deixou milhares de pessoas curiosas para conhecer aquele país mágico com tradições tão peculiares. Mas tenho certeza que muita gente ficaria desapontada ao ‘visitar pessoalmente’ a Índia e ver uma coisa bem diferente de perto, toda aquela sujeira, pobreza e confusão. O Oriente Médio também carrega uma imagem muito negativa de guerrilha, bomba nas ruas, homens-bomba e tudo. Mas ninguém acredita que aqui é muito mais seguro que qualquer lugar do Brasil, não só aqui como  todos os países asiáticos. Em Israel tem muitos soldados armados pela rua,  um exército e uma polícia que realmente controla a segurança do país, ninguém  se atreve a roubar. Até muitas cenas de guerra nas ruas do Oriente Médio, especialmente em Israel na faixa de Gaza, não são todas reais como se imagina. Existe até um termo chamado “Pallywood” designando as farsas criadas por palestinos para denegrir a imagem de Israel, onde eles fingem estar sendo bombardeados e feridos...justamente são as cenas que vão parar nos noticiários do mundo inteiro (veja aqui), são como atores correndo nas ruas filmados por cinegrafistas também palestinos que armam toda aquela cena e aterrorizam a todos.      
 Ver o mundo com os próprios olhos...sem nenhuma interferência do jornalismo tendencioso. Com imparcialidade, simplesmente com nossos olhos. Sem fantasias ou nenhum recurso para impressionar o telespectador. E sem ajuda de uma equipe de reportagem que organiza tudo e se aprofunda nos assuntos abordados. Sem vistas aéreas e panorâmicas. O mundo sendo visto do chão onde pisamos, da altura dos olhos, sem photoshop, efeitos especiais e sem música de suspense no fundo. Constatamos que ele é diferente, real, palpável, tem cheiro e que podemos interagir com ele.
Gostoso é constatar tudo isso pessoalmente e tirar minhas próprias conclusões. Separar o real do imaginário adicionando cheiros e sensações. A impressão que uma pessoa tem de um local, nem sempre é a mesma sentida por outra, como o remédio que cura sua doença pode não servir pra mim. E com um pouco mais de prática de montar roteiros, refinamos nosso feeling para ver se aquele local vale ou não a pena a visita e nos policiamos a não criar muita expectativa antes de ir a algum lugar.

Amanhã é domingo !


Jerusalém, 29 de maio de 2011.

Nos últimos posts falei sobre algumas coisas que tenho feito para economizar aqui em Israel, que minha família não tem gostado, e sei que muuuuita gente deve estar achando errado, pensando que eu estou passando fome, passando mal e que acha que isso não é aproveitar bem uma viagem.Vai ser difícil, mas vou tentar me explicar para quebrar essa ideia.
Tudo isso depende da nessecidade de conforto que cada um exige para si. A respeito da alimentação, não é porque eu comi sanduíche no lugar de um prato de comida que eu estou passando mal. É normal nós comermos pão com sardinha, ou alguma coisa barata comprada em mercadinho, e nem por isso vou ficar desnutrido, pois no dia seguinte como algumas frutas e fica tudo bem. Passar mal seria ficar uma semana comendo só pão com água! Isso eu nunca fiz. Entendam isso, comer coisas mais baratas por uns dias, de forma alguma tira o brilho da viagem pra mim e  é absolutamente normal durante uma mochilada. Eu nem precisaria estar explicando isso, mas tenho certeza que muita gente tem ideias diferentes sobre o assunto. E acha que “para viajar dessa forma, é melhor nem sair de casa”.
 Essa é uma concepção mochileira da coisa, por isso não tenho vergonha de falar. É absolutamente normal comprar coisas em mercadinhos para fazer refeições dos próximos dias em que estaremos em cidades caras. E tudo isso é divertido, é piquenique. Não existe o papo de: opa, estou nesse país legal, qual restaurante você me recomenda?... gosto sim de experimentar e apreciar as comidas típicas de cada país, como fiz em toda a Ásia, mas tem lugares muito caros que não podemos fazer isso. Por exemplo, eu não estou deixando de conhecer a comida local aqui pois já provei bastante coisa da comida árabe na Jordânia, que não era cara, e aproveitei bem os pratos e doces árabes, que são quase iguais aos pratos daqui de Israel. E não tem problema de não ter uma comida tão nutritiva de vez em quando, até quando estamos em casa às vezes comemos só café com pão de noite, por não ter nada pronto pra o jantar..., então qual é o problema?
Quanto a dormida, como disse no outro post também; nós, os “mochileiros ortodoxos”, não nos importamos muito com isso. E também não vejo isso como estar “dormindo mal”. Concordo que uma noite mal dormida estraga o nosso humor e não aproveitamos direito o dia seguinte. Mas o que eu preciso para ter uma noite boa de sono é um lugar que eu consiga dormir,só isso, se eu conseguir dormir está bem. Não precisa ser tão confortável. Tem gente que até em sua própria cama em casa, não dorme bem por insônia, preocupação, sei lá. Eu consigo dormir bem em muitos lugares. ...Tenho dificuldade de dormir em poucas sitiações , tipo sentado em cadeiras que não reclinam de ônibus que sacodem muito de madrugada ou quando está fazendo muito calor ou frio....rsrsrsrs
Dormir em lugares diferentes também é divertido, pode reparar... em casas de praia em fins de semana quando reúne uma moçada, a galera dorme no chão um por cima do outro e tudo aquilo é uma festa, ninguém sai reclamando, e sim rindo no dia seguinte. Mochilar é isso, viver num eterno fim de semana, onde tudo é divertido, nada é sério e para sempre. Me divirto muito mais dessa forma relaxada, sem regra nenhuma sem padrão de comportamento e sem o pessimismo que faz muita gente ter medo de fazer o que gosta. Tanta coisa bacana pra se fazer no mundo, e muita gente não faz com medo de dar errado ou ser assaltado... nunca pensa na hipótese de dar certo, depois sair vivo e feliz por ter vivido uma experiência diferente.  Quem já fez algum mochilão longo  vai me entender melhor por já ter passado por várias situações desse tipo.
Em relação à higiene, mochilar não significa abrir mão da higiene corporal e ficar sujo e fedorento como muita gente pensa, sempre tenho no albergue banheiro   para tomar banho normalmente e lavo minhas roupas normalmente também, o que não tenho é roupa passadinha, mas isso ninguém repara. Até quando dormi na areia do deserto na Índia, tinha minha garrafinha de água para escovar os dentes antes de dormir.   
Se todos vivessem uma vida, como estou vivendo nesses últimos meses, sem medo e sem vergonha de fazer o que gosta, dando mais importância para suas vontades, se divertindo e achando tudo isso(a vida...) uma grande diversão, tenho certeza que todos viveriam mais felizes. Depois de tantos meses viajando, a viagem se tornou meu modo de vida, e não uma viagem de férias nos moldes como todos a imaginam ser. Então não tô nem aí, todo dia pra mim é fim de semana com clima de feriadão. O que quero é quebrar essa ideia formada e tão certinha que para ‘aproveitarmos’ bem uma viagem precisamos de  conforto e das melhores comidas. Não existe isso, depois de um tempo vivendo sozinho, sei muito bem o que é melhor pra mim, e sei  o que não gosto, o que me incomoda e o que pode me prejudicar. Tudo pra mim nesse momento é uma grande diversão. Não é que eu tenha perdido o senso de perigo, esteja passando perrengue ou esteja louco. Acho que o ocorre é que, por me tornar cada vez mais otimista e acreditando que no final tudo vai dar certo, procuro me divertir e passear no meio do caminho!     

Praia e sol



Tel Aviv - Israel, 23 de maio de 2011.

Quem tem acompanhado o blog deve ter percebido que procuro ser bem sincero nos meus relatos, algumas derrotas eu omito, como uma em Luang Prabang no Laos onde dei um vacilo tomando banho no rio e roubaram minha câmera(ih...contei!), ou das vezes que errei um caminho e tive que andar uma hora e meia a mais com mochila pesada nas costas, omiti porque foram irrelevantes. Mas tento contar as histórias de forma  verossímil , contando o que realmente passa na minha cabeça durante minhas andanças. Quem teria a coragem de dizer que só comeu arroz com salsicha na Polinésia Francesa... um dos locais mais sonhados no mundo!?! Escrevo dessa forma com o objetivo de trazer quem me lê, para a realidade do lugar onde estou, mostrando que viajar não tem mistério nenhum e podemos fazer em qualquer lugar do mundo o que faríamos numa viagem de fim de semana para uma cidade próxima da nossa, onde costumamos ir com os amigos.
Mantendo a palavra, vou contar sobre minha chegada em Tel Aviv, não iria contar isso, mas pra manter a palavra da verossimilhança, lá vai. Cheguei em Tel Aviv tarde, até que eu pegasse o ônibus e fosse para a região próxima à praia onde eu queria me hospedar e rodar atrás do albergue mais barato já era uma hora da madrugada. O lugar mais barato que achei custava 50 reais!! ( na Índia pagava 3-5 reais em média!, ô saudade). Israel é tudo muito caro em comparação com o resto da Ásia, aqui é país de Primeiro Mundo, e os preços também são de Primeiro Mundo!! Então, já estava meio cansado de andar, já eram 1:30h da madruga, e os albergues caríssimos. Não consegui nenhuma resposta do couchsurfing para ter hospedagem, aí começei a olhar um lugar pra descansar até amanhecer, afinal em 4-5 horas o sol apareceria, e eu não queria pagar tudo isso por essas horinhas  !! E achei um local em uma vila bem pouco movimentada onde pude descansar até o dia amanhecer. Esperar um pouco para não pagar uma diária salgada de albergue não seria tão ruim assim. Levei em consideração que Israel é um país super seguro, era um local que não passava ninguém, então a chance de passar um ladrão por ali naquele horário era quase nula, então me escorei numa área de um prédio que estava bem limpinha e convidativa, ainda achei por lá uma folha de isopor que virou uma cama bem confortável... onde passei minha noite. Cedão eu acordei e fui pra praia...nem foi ruim assim! 7h da manhã já estava na praia tomando um banhão, fazendo barra, flexão, alongamento... e bem disposto!!! É aquela coisa de abrir mão do conforto de vez em quando,...que eu não tô nem aí. E foi até divertido.
Acordei cedo para malhar na praia !! 




Passei esse primeiro dia inteiro na praia, o clima das praias aqui em Tel Aviv, como já tinha ouvido o relato de outros viajantes, é bem parecido com o do Rio de Janeiro: gente bonita que gosta de cuidar do corpo(não como as cariocas, mas chega perto), pele bronzeada, pessoas jogando frescobol, correndo ou andando de bicicleta no calçadão, gente descolada bebendo cerveja e vestindo bermuda ou biquini. Numa atmosfera bem familiar, porém mais cosmopolita, onde se escutam na praia outras línguas da mesma proporção que o hebraico(língua falada aqui). Eu conheci e cruzei com muitos israelenses pelo caminho e já tinha notado essa semelhança com os brasileiros, tanto fisicamente como no comportamento, e já esperava sentir esse  clima por aqui. Conheci vários israelenses, e viajei junto com alguns deles por um tempo em vários países e já sentia essa afinidade. Eles também gostam muito de visitar o Brasil, o que se percebe facilmente quando vemos várias cangas com a nossa bandeira ou com as cores das fitas do Senhor do Bonfim da Bahia,  pelas areias da praia. As praias também são bem guardadas pelas guaritas de dois andares dos salva-vidas com seus alto-falantes que vivem dando alertas bem altos aos banhistas.


As bicicletas elétricas para alugar nas ruas

Essa manifestação em frente à  Embaixada Americana
deve ter aparecido na tv



Temos sim uma certa semelhança, mas ainda temos uma mentalidade diferente, nossa mentalidade terceiro-mundista não permitiria por exemplo a disponibilização pública de aluguel de bicicletas elétricas (iriam roubar todas) ou ônibus públicos urbanos sem catraca onde se pode entrar por qualquer porta e pagar depois para o motorista,muita gente iria dar calote! Muita coisa que vi em outros países desenvolvidos não funcionariam no Brasil, temos sim uma terrível mania de burlar leis e regras e não temos um comportamento exemplar. Como na Nova Zelândia, onde tem máquinas para pagar o estacionamento nas ruas, nunca no Brasil as pessoas iriam pagar corretamente, se pagassem, não iriam pegar o ticket na maquininha no mesmo horário que estacionassem. Iriam dar um jeito de pagar menos que o correto. Também na Nova Zelândia, passando num ônibus por uma estrada onde tinham umas fazendas, vi uma mesinha na porteira de uma das fazendas com algumas frutas, o preço e uma caixinha para colocar o dinheiro, e ninguém pra vender...a pessoa podia pegar as frutas e colocava o valor na caixinha,... será que essa forma de comércio funcionaria no Brasil??!! Nunca. Não estamos culturalmente preparados para várias tecnologias ou facilidades que existem no Primeiro Mundo
Depois eu consegui contato no couchsurfing, e arrumei uma casa para ficar,  a menina que está me hospedando não é nascida em Israel mas mora aqui há um tempão e é bem interada sobre assuntos do Oriente Médio, e trocamos muita ideia sobre a situação política da região e sobre alguns costumes  religiosos dos judeus, apesar também de ela não ser judia. Ela me emprestou uma bicicleta que pude rodar em toda a cidade de Tel Aviv durante três dias seguidos, curti demais rodar por toda a orla, por parques e por dentro da cidade. Gostei muito de Tel Aviv, tive uns dias de praia bem relax, me deu até vontade de ir morar em alguma cidade de praia do Brasil por algum tempo depois que eu voltar, só pra ter mais isso...caminhada no calçadão, bicicleta na praia, deitar na areia a tarde toda...tava sentindo falta disso.       
  
Ipanema?


Pegando um sol no calçadão em Tel Aviv





Pão com mortadela


 Eliat – Israel, 19 de maio de 2011.

Completada a missão Wadi Rum, fiquei satisfeito com a Jordânia e cruzei a fronteira entrando em Israel, não tive problemas na imigração como muitos relatos que ouvi de viajantes que passaram 2-3 horas sendo interrogados para conseguir passar. Não sei se por ser brasileiro, por ter o passaporte cheio de outros vistos e carimbos, ou por sorte. Foi tranquilo, a única pergunta que me fizeram foi o que eu iria fazer em Israel, disse que era turismo e só...
Antes de cruzar a fronteira, passei umas horas em Aqaba, no extremo sul da Jordânia e que divide com Eliat as águas do pequeno golfo de Aqaba, uma extensão do Mar Vermelho. As mulheres na praia todas vestidas com aquelas enormes roupas e burca cobrindo a cabeça, já a sua vizinha Eliat, um balneário de luxo de Israel, a cena muda completamente. As mulheres de biquini, ou de shortinho e top, bem ocidentalizado.Lembrando que Israel, apesar de estar no Oriente Médio, não é um país árabe.
Praia em Aqaba, sul da Jordânia

Entrando em Israel

Calçadão em Eliat

Coral beach em Eliat - Israel

Coral beach em Eliat - Israel

Eliat

Passei os dois dias quase todos na praia, fazia uns 5 meses que eu não via o mar, estava sentindo falta.Apesar da água ser bem límpida e os peixes coloridos na praia nos fazerem sentir tomar banho num aquário, as praias em si não são tão bonitas.Me assustei com os preços aqui, o albergue mais barato que achei custa cinco vezes mais que na Jordânia, e a comida também um absurdo. Tipo o sanduíche mais simples na rua custa 8-9 reais, e na beira da praia chegam a 14-17 reais !! Impossível de comer, tive que ficar no pão com mortadela do mercadinho. Tem umas horas, quando viajamos em países caros que temos que esquecer um pouco a nutrição. Não estou dizendo em passar fome, mas comer coisas mais baratas e menos nutritivas. Não deve fazer tão mal, coloco alguma fruta no meio para compensar, e quando der me alimento bem, aí compensa. Não dá pra pagar 35-40 reais numa refeição nos restaurantes sofisticados daqui, não vi uma barraquinha de rua.
Durante uma mochilada ás vezes temos que abrir mão de algumas coisas, tipo uma boa noite de sono,o que não temos em alguns ônibus e quando os horários das viagens são de madrugada; de uma alimentação balanceada e nutritiva,... tem países caros que temos que compensar o gasto no hotel ou em alguma atividade, com uma comida barata só pra satisfazer a fome. Isso não é passar mal, é uma compensação que para nós mochileiros encaramos normalmente. O que interessa pra mim é conhecer lugares, pessoas e culturas. Se eu estou comendo só pão com mortadela, dormindo no chão(de aeroportos ou estações de trem), andando muito ou sei lá o quê, fico feliz do mesmo jeito e aproveito a viagem da mesma forma. Pois eu sei que é por uns dias e eu não vou virar mendigo ou ficar desnutrido, vou continuar vivendo numa boa, e ainda vou rir depois lembrando as histórias. Em Bora Bora na Polinésia Francesa por exemplo, o lugar mais caro que já viajei até agora, pagava 90 dólares de hotel, um absurdo, e pra compensar passei os três dias lá comendo arroz, salsicha e tomate pois cada refeição custava 20-30 dólares. Mas pergunta se eu passei mal...estava num paraíso, na praia mais linda que já vi na vida, foi até divertido preparar minha comida na cozinha do hotel que ficava quase dentro da areia. Ah! E ainda comi com farinha !!! que sobrou um pouco da que eu levei para dar para o chileno provar, o que me hospedou na Ilha de Páscoa. Aquela história: eu prefiro comer salsicha na Polinésia Francesa do que uma boa e nutritiva comida dentro de casa... dormir no chão em Hong Kong do que numa cama king size em casa assistindo Faustão. O que vocês acham? É questão de escolha.
O verdadeiro espírito mochileiro é isso, abrir mão de certas coisas, mantendo o bom humor e achando isso o máximo por saber que é em prol da viagem. O que pode acontecer é acordar com uma dorzinha nas costas ou no pescoço, sentir um pouco mais de cansaço, salivar ao ver uma bela macarronada na mesa ao lado...Mas cá pra nós, conhecer o mundo vale mais que tudo isso !!!

  

Missão (quase) impossível


Wadi Rum, 17 de maio de 2011.

Agora estou em uma vila em outro deserto, onde a atração é justamente o deserto. Normalmente a maioria das pessoas que vem visitar  Wadi Rum, no sul da Jordânia, o fazem através de passeios de jeep. Seguindo uma dica do americano que passei uns dias em Madaba (fizemos juntos a trilha no vale de Zarqua Ma’in próximo ao Mar Morto) preferi conhecer o local fazendo um trekking. Tenho cuidado ao pegar dicas de outros viajantes, dou mais importância para dicas de mochileiros que tenham o meu perfil. Já peguei várias dicas de outros mochileiros que não segui porque eram opções mais caras que o normal, e eu achei sozinho coisas mais interessantes para mim. Esse camarada já estava também há vários meses na estrada viajando no mesmo estilo, e resolvi seguir a dica. Ele me avisou que não era moleza, que em muitos momentos teria que escalar a montanha e era realmente perigoso, me aconselhando a não ir sozinho. Mas não achei companhia, então encarei só. Esse dia vou contar mais detalhado pois foi um dia de emoções bem fortes.
A missão era atravessar uma cadeia de montanhas até chegar no outro lado, depois chegando na areia, teria que circular a montanha andando pelas dunas de areia fofa do deserto voltando à vila, o que daria umas 7-8 horas de percurso. O que eu sabia era o somente o ponto de entrada: - Tem um cânion bem largo ao lado da vila, não é esse, é um mais estreito do lado direito, depois segue pelo lado direito. Essas foram as  únicas instruções que ele me deu, me reforçando que era uma trilha bem difícil. Beleza, adoro essas missões. Estudei o mapa do deserto, deixei minhas tralhas numa barraca na vila, enchi a mochila de garrafas de água e comida para aguentar o dia todo, e sabia que iria encontrar literalmente pedreira pela frente.
O acampamento na vila de Wadi Rum

O que tinha pela frente: atravessar essa cadeia de montanhas

A missão já começou tendo que entrar no cânion(vale entre montanhas) subindo por uma parte que precisava realmente escalar. Deixa eu lembrar a diferença entre caminhar e escalar: na escalada temos que usar as mãos nas fendas das rochas para subir paredões verticais ou bem íngremes. Tive que colocar em prática alguns fundamentos que aprendi quando fiz escalada lá no Laos, só que lá foi com cordas de segurança, aqui foi livre sem ninguém para orientar ou ajudar. E fui seguindo. Logo ao entrar no meio de todas aquelas montanhas e ver a areia do deserto de onde parti ficar distante, já comecei a sentir  adrenalina e a ficar maravilhado com tudo aquilo que me rodeava. Estava no meio de um cânion com montanhas de uma escultura tão interessante que sei lá, parecia um outro planeta.
Depois de mais de uma hora passando por trechos muito difíceis, seguindo  o caminho indicado por alguns montinhos de pedras, cheguei em uma parte que não consegui imaginar como eu passaria por ali. Até então a maioria do trajeto exigia escalada mesmo, não foi nada fácil, eu estava adorando, pra mim quanto mais difícil melhor. E cheguei num ponto bem alto que não vi como passar, faltava uns dois metros para alcançar um outro platô onde tinha um montinho de pedras indicando o caminho. Nesse momento foi o ponto máximo de adrenalina. Eu estava bem perto, mas para chegar lá em cima tinha que fazer um movimento por uma parte de inclinação negativa, e as bordas não eram fáceis de segurar, olhava pra baixo e um paredão de uns 30 metros me fizeram tremer as pernas e dar fraqueza nas mãos. Sim, me deu cagaço! Engolia seco a saliva, estava  de pé num batente de uns 5 centímetros seguro numa fenda, tentando ver por onde seguiria, e não achava ponto de apoio nenhum. ... Parei, respirei fundo, uma queda ali não seria nada legal...voltei bem devagar uns dois metros abaixo onde tinha um espaço maior para descansar e pensar alguma coisa. Foi um momento de muita tensão, medo, adrenalina, tudo junto, na beira de um penhasco. Senti um pequeno alívio ao voltar para essa parte mais segura. Não queria desistir depois de ter ralado duas horas para chegar ali. Apertei mais o cadarço dos sapatos, joguei fora dois litros de água da mochila para ficar mais leve e ajustei bem ela nas minhas costas. ...Subi de novo os dois metros, até o ponto onde tinha parado, para tentar novamente, e não vi de novo nenhum lugar seguro em que eu pudesse segurar, o corpo começou a tremer, quando eu olhava a altura que eu estava. Não tenho medo de altura quando estou num lugar seguro, mas no alto de um penhasco onde se escapolir minha mão eu poderia morrer...sim, me deu muito medo. Desisti de uma vez por todas, queria sair vivo dali. Desistir de uma missão quando está em jogo a nossa vida, é uma vitória. Não fiquei nem um pouco me sentindo fraco por não ter conseguido. Era uma passagem muito alta e perigosa, não quis me arriscar. Se tivesse uma corda de segurança, como nas escaladas normais, e não tivesse de mochila nas costas, eu encararia. Porque se não conseguisse era só soltar que a corda me segurava, depois voltava e pronto. Agora se arriscar numa coisa onde se eu não conseguir eu caio e morro, já seria doidice. Sei muito bem o limite entre aventura e insanidade(tá vendo mãe!). Voltei e senti uma alegria enorme em pisar em solo firme outra vez, quase que me ajoelho e beijo o chão igual o papa...rsrsrsr . Estava convencido que tinha feito a coisa certa, convencido que aquelas duas horas até ali e mais duas horas que levariam para voltar eu já me daria por satisfeito, por ter sentido tanta adrenalina e ter curtido todo aquele mundo no meio das montanhas.
Sentei pra descansar e esperar normalizar o nervosismo que passei. Antes de pegar o caminho de volta, passando por uma outra montanha, vi um montinho de pedras indicando um outro caminho, e resolvi seguir... ôpa era uma outra trilha! E fui seguindo...beleza! achei um outro caminho que dava pra passar. Toda essa travessia pelos cânions, eu fiz maravilhado com a arquitetura dessas montanhas. Até que avistei, depois de 3:30h  da partida, a areia do deserto do outro lado. Fiquei muito realizado nessa hora. Atravessei então o deserto, contornei as dunas e antes de voltar pra vila, subi em outras montanhas ‘água com açucar’ no caminho. No alto de uma delas armei minha mesa do almoço e comi olhando todo aquele cenário fantástico lá de cima.
 Percorrer esse trajeto por dentro da cadeia de montanhas, setindo as montanhas nos pés e na ponta dos dedos, suando e procurando trilhas no meio desse imenso labirinto de cânions foi, sem dúvida nenhuma, bem melhor do que vê-las de fora passando num jeep. Essa foi, de longe, a melhor coisa que fiz na Jordânia. De tanto prazer que sinto em fazer esse tipo de aventura, colocaria o dia que fiz a trilha nos cânions próximo ao Mar Morto em segundo lugar e Petra em terceiro(apesar de ser uma Maravilha do Mundo!!).
Gostaria de fazer uma observação para quem vier para estes lados da Jordânia: Não façam esta trilha sozinhos, é muito perigosa e exige alguma habilidade para escalar, é sério mesmo. Serei bem realista, é um trekking/escalada difícil e existe sim risco de morte.  É extremamente contra-indicado para quem está acima do peso, mulheres de unha grande, desajeitados(rsrsrsr) ou quem não sabe administrar bem momentos de tensão. Porque tem umas partes que é preciso segurança nos movimentos... por exemplo, saltar sobre um vão de aproximadamente 1,5m lá no alto ...e para fazer o caminho inverso de volta é mais difícil.  
Pelo meio do trajeto...na foto não se tem ideia
da imensidão do lugar

As rochas de aparência lunática

No meio dos cânions

Em alguns corredores, eu tive que passar igual o Homem-Aranha!

Enfim, avistei o outro lado! Foi uma conquista.

O vale do outro lado e as dunas que atravessei.

Mesa pronta, com vista panorâmica

A vila de Wadi Rum

Quinta Maravilha


Wadi Musa - Jordânia, 16 de maio de 2011.

Conheci um outro brasileiro no mesmo quarto do hotel aqui em Wadi Musa (Vale de Moisés, em árabe) e saímos juntos para rodar. É uma cidade bem pequena rodeada por montanhas onde todos vem para conhecer o principal atrativo, uma outra Maravilha do Mundo : Petra. Uma cidade esculpida na pedra por volta de 300 AC pelos Nabateus, onde era rota das caravanas que passavam rumo à Arábia. São palácios, tumbas, grutas esculpidas nas montanhas ao longo do vale. É um lugar enorme onde muitos passam três ou quatro dias para explorar, em um dia caminhando durante nove-dez horas fiquei satisfeito, sobrou até tempo de ficar um tempo sentado diante do “tesouro” , o palácio principal(na verdade os arqueólogos acreditam que foi utilizado como uma tumba) que é o cartão postal de Petra, e ficar imaginando aquele monumento intacto a mais de dois mil anos atrás e as caravanas de tribos nômades cruzando aqueles vales, estreitos e altíssimos corredores de rocha.  É realmente interessante tudo aquilo esculpido nas rochas que por si só já chamam atenção pela sua forma esculpida pela natureza. Antes de se tornar uma das 7 Maravilhas, Petra já era famosa por ter sido local onde foi filmado “Indiana Jones - e a última cruzada”.
Eu e meu parceiro mineiro, nos vales da entrada de Petra

O Tesouro, cart'ao postal de Petra



Contemplando a cidade rosa-vermelha.



 As paisagens aqui na Jordânia são todas bem parecidas, como um grande deserto. E as cidades também são todas no mesmo estilo, tranquilas e monocromáticas, situadas no vale das montanhas. No meu primeiro dia aqui foi relax rodando pela vila que não tem nada de interessante, sendo mais movimentada pelo turismo. Aproveitei as montanhas ao redor cidade para subir e curtir o por-do-sol que foi diferente, não sei se é poeira do deserto, mas o sol foi se escondendo por trás de uma imensa nuvem antes de sumir no horizonte. 
Wadi Musa, do alto

O sol se escondendo na imensa nuvem

Descobri esse gosto por montanhas, gosto de sentir o clima, o vento, o visual do alto de uma montanha. Na verdade descobri várias outras coisas que gosto, por estar fazendo atividades tão diferentes durante essa viagem. Talvez seja por isso que não senti em momento algum monotonia, tristeza ou vontade de voltar pra casa, por estar sempre mudando de cidade e estar sempre fazendo atividades diferentes, mesmo estando sozinho. Deve sentir isso, esse sentimento de vazio e de se perguntar:o que eu tô fazendo aqui?... quem tem moradia fixa em outra cidade longe da família e dos amigos, e deixa a vida cair na rotina. Um dia eu estou conhecendo fortes e palácios, outro eu estou andando por cidades de cultura completamente diferente da nossa, outro eu estou num deserto, numa praia, templo, mesquita, museu, montanha...um dia é diferente do outro, bastante diferente. E quando troco de país a contagem volta a zero e começo a viver numa realidade completamente nova, com novas descobertas e sentimentos. Não sobra tempo para a mesmice, a injeção de novidade é constante e diária.

 É bacana sentir como a nossa forma de ver as coisas vai ficando diferente. Como nossos olhos vão ficando treinados.  Quando não se conhece nada do mundo, para quem nunca viajou e sentiu na pele a realidade de outros países, principalmente da Ásia, sempre faz uma comparação com a referência do Brasil. Depois de eu ter passado todos esses meses trocando de países na Ásia e sentido bem outras atmosferas(tive tempo pra isso), na hora de analisar qualquer coisa, seja um comportamento ou uma comida de algum outro país, passo a colocar na lista de  comparação os outros países por que passei, tudo que vi. Por exemplo se o assunto for: ônibus velho, eu não vou lembrar só dos ônibus velhos de Belém ou de algum lugar do Brasil, pois nem se comparam aos do Laos, Camboja, Nepal ou Índia. Se falar sobre falta de higiene, virá uma imagem muito mais forte também do Nepal ou Índia. Então, tudo isso faz com que o rol de referências aos poucos vai sendo ampliado.

Brincadeira de criança


Madaba - Jordânia, 14 de maio de 2011.

Organizar meu roteiro de forma independente aqui no Oriente Médio está exigindo mais um pouco de meus “conhecimentos mochilísticos” por vários motivos. Primeiro, pelas restrições de entrada em alguns países: para entrar na Síria e no Líbano não se pode ter nada no passaporte que mostre que você entrou em Israel. Por isso quem pretende visitar esses países depois de Israel, tem que pedir que te carimbem num papel separado, e entrar e sair de Israel pela fronteira da ponte King Hussein próximo a Amman. Nas outras fronteiras não tem como se livrar do carimbo de saída da Jordânia que comprova que você entrou em Israel. A fronteira Jordânia-Síria está fechada, mas eu ainda tenho esperança de entrar na Síria e Líbano quando estiver na Turquia no mês que vem, pois pode ser que as coisas estejam mais calmas por lá. É o que está me atrapalhando um pouco no planejamento. Eu tinha planejado um roteiro fazendo um círculo começando para cima, e tive que inverter tudo, começando pelo que seria o final. Como planejar roteiros tem sido minha rotina(só isso que tenho feito da vida nos últimos nove meses, fora o tempo que passei planejando a volta ao mundo), está sendo mais fácil. Eu comecei a ler sobre o Oriente Médio uns três dias antes de vir pra cá, e montei mais ou menos o itinerário, e tive que mudar completamente o rumo.    
Fora isso, o que está mais me fazendo pensar esses dias, além do roteiro, é para circular aqui pela Jordânia  e conhecer o país da forma mais barata possível. Como eu vim da Índia, um dos países mais baratos do mundo, estou achando tudo muito caro. Transporte público não é tão fácil e a rede rodoviária não é bem desenvolvida. Em muitos lugares só se chega de taxi ou em passeios com carros/van privados. Os hotéis oferecem esses passeios, mas são caros demais. Para quem tem pouco tempo de férias, vem com dinheiro suficiente e vai para todos os lugares através desses passeios organizados. Como não tenho uma agenda amarrada, tenho tempo de pesquisar as formas mais baratas. Eu evito ao máximo fazer passeios, em muitos lugares que eu fiz passeios tinha como ir sozinho, mas abri excessão para poder ir junto com um grupo e não ser um passeio sem graça. Ou então opto  pelo tour quando fica o mesmo preço ou mais barato.  
 Um terço da populção de Madaba (uma cidade um pouco mais ao sul de Amman, próxima ao Mar Morto) é cristã, formando uma das maiores comunidades cristãs do país. Os outros dois terços é muçulmana. Então aqui tem várias igrejas bem antigas, entre elas a igreja de São Jorge,  que tem um mosaico no chão datado de 560 DC ,sendo o mais antigo mapa da terra sagrada, atual Palestina. A cidade é famosa pelos mosaicos feitos em pedra no período Bizantino(330 a 565 DC). Na chegada parei para pedir informação numa casa de banho turco, o cara me convidou para um chá e de tão gente boa me deixou fazer o tal banho turco com direito a piscina de hidromassagem, sauna e esfoliação de graça! Aceitei claro, uma sessão daquela custaria uns 15 dólares.
Sessão de banho turco

Mosaico na Igreja de São Jorge

Madaba vista do terrço do hotel, uma cidade bem tranquila

Alguns hotéis aqui oforecem a opção bem barata de dormir num colchão no terraço, como um grande alojamento, foi onde conheci um americano e uma inglesa e resolvemos ir juntos explorar as redondezas da cidade. Como não tinha ônibus para onde queríamos ir, então... dedão na estrada. É fácil arrumar carona aqui. Depois de um ônibus até a metade do caminho(1 real) e 3 caronas chegamos ao Mar Morto, que é na verdade um imenso lago de água hiper salina onde não existe nenhuma forma de vida(daí o nome Mar Morto) exceto alguns microorganismos e turistas boiando! É uma sensação muito diferente, como se estivéssemos de colete salva-vidas e bóia nos braços e nas pernas. Brincamos feito criança na água que de tão salgada parece uma calda. Esse é o ponto mais baixo do planeta, a cerca de 400m abaixo do nível do mar(a uns meses atrás sobrevoei o Everest, o ponto mais alto do mundo e depois cheguei a 5.416m de altitude nos Himalaias!).
Cristais de sal que formam nas pedras nas margens do Mar Morto

Um dos luxuosos resorts, na verdade spas  ou clubes na margem do Mar Morto
onde se paga para passar o dia

Piscinas de borda infinita, muito lindo esse lugar

Spa no Mar Morto, do outro lado da margem está Israel
Brincando de boiar no Mar Morto

É uma sensação muito estranha e gostosa...dá pra ficar de pé
sem tocar o pé no fundo!

Fomos então para o Wadi Zarqa Ma’in, ao lado do Mar Morto, para uma caminhada pelo vale, seguindo o curso de um córrego. Um lugar muito lindo, e uma caminhada muito gostosa onde tivemos algumas horas que subir por pedras e atravessar a nado algumas partes do rio para chegar na cachoeira. Na volta, brincamos mais um pouco no Mar Morto.
Geoff, o americano que também está dando volta ao mundo há 10 meses,
tenho muita afinidade com outros "world travellers", estamos na mesma sintonia

Wadi Zarqa Ma'in


Enfim a cachoeira!

Pausa pro rango: sanduíche de falafel

Foram umas 4  horas percorrendo esses corredores estreitos,
lindo demais ! 




Carona de novo na volta, os jordanianos são muito gente boa. Ás vezes andar de carona é mais divertido do que ônibus, e o cara ainda te ajuda a buscar alguma informação, na ida por exemplo o cara foi e voltou uns 8 Km com a gente para achar a entrada do cânion. Peguei umas caronas muito bacanas também na Polinésia e na Indonésia onde os caras me ajudaram a achar meu destino e as informações que eu precisava. Os meus parceiros seguiram de volta a Madaba e eu desci no meio da estrada sozinho, ainda queria aproveitar o fim da tarde. Fui no local onde Jesus foi batizado, no Rio Jordão, voltei da porta pois tinha fechado meia hora antes, deixa pra lá, segui mais adiante e subi o Monte Nebo, onde Moisés avistou a Terra Santa. Tem uma igreja lá no alto dedicada a Moisés e tem-se uma bela vista da região, o Mar Morto e Israel que fica do outro lado. Foi um dia divertido, com vistas maravilhosas, banho, brincadeira, trekking no cânion, cachoeiras, 7 caronas...tudo isso gastando 1 real !  

Em uma das caronas de volta, uma galera muito bacana
 e muita música árabe.

Daqui Moisés vislumbrou a Terra Prometida por Deus aos judeus  

A um tempo atrás Moisés passou por aqui...em 2000 o papa
João Paulo II  e em 2009 Bento XVI abençoaram o local.