Giro pelo Leste


Viena – Áustria , 06 de agosto de 2011.

Quando cheguei na Europa para esta última etapa da viagem, já sabia que seria completamente diferente da forma que estava viajando antes. Sabia que seria mais corrido e não teria tempo de explorar os países da mesma forma como fiz na Ásia. A diferença cultural que sentimos nas cidades européias é infinitamente menor ou quase inexistente, comparada ao que sentimos numa viagem pelo oriente, especialmente na Índia/ Nepal e China, onde me senti um extraterrestre. Ainda mais nesse ritmo mais acelerado, impossível de explorar o país da forma que vinha fazendo. Mas desde antes de sair de casa eu sabia que seria assim, pois meu foco era a o Oriente Médio e Ásia.  Estou certo de que este tipo de viagem não é tão enriquecedora, e estou desviando da forma que gosto de viajar, mesmo assim está sendo deslumbrante as paisagens desse lado do planeta.  
Viemos dar uma volta pelo Leste Europeu e Europa Central começando pela República Checa, na capital Praga. Chegando lá, saí para procurar o albergue. Não estava entendendo, pois ao chegar no endereço, o que achei foi um cabaré! Andei por todo o quarteirão, e constatei que era lá mesmo o endereço. A entrada do albergue era a mesma entrada do cabaré. Nessa hora que estava na frente pedindo informação para o segurança da casa, tinha um casal na mesma dúvida, sem entender direito aquela situação. Ele disse que podíamos entrar que a entrada do hostel era por trás. Aí entramos, passamos pelo corredor, pela entrada da ‘danceteria’ e fomos esperar o elevador,... a primeira cena: quando chega o elevador, sai de dentro uma das moças que trabalham na casa, com uma saia que não cobria quase nada...digna de dançarina de cabaré. Entramos no elevador, e vi na fisionomia da namorada/esposa do camarada que ela não tinha gostado nada da situação. Ela não se controlou, e no elevador mesmo, antes que chegasse no nosso andar ela disse que não ficaria ali, não queria dividir espaço com as prostitutas. E falava isso tratando com se fosse uma qualidade muito inferior de pessoas. O camarada fez uma cara meio sem graça, meio constrangido da mulher dele estar falando aquilo na nossa frente...e tentou convencê-la a ficar dizendo que estava difícil de encontrar outro lugar,  e como eles ficariam só por uma noite, eles provavelmente só iriam sair e entrar mais uma vez. E a discussão continuou enquanto não abriam a porta do albergue. Naquela hora senti um grande constrangimento por estar vendo aquela atitude de pura discriminação. Eu até entenderia se ela estivesse sozinha, ou acompanhada de outra amiga, ou se fosse passar vários dias. Mas ela estava com o seu namorado e não quis ficar ali para não sequer cruzar de novo com alguma das dançarinas. Fico muito chateado quando vejo cenas de discriminação. Eles finalmente saíram e foram procurar outro hotel.   
Tudo em Praga é bonito, as margens do rio, a ponte Carlos que leva até o outro lado, onde cruzamos uma praça e subimos até o Castelo de Praga pra ver de perto a Catedral de São Vito, uma monumental catedral no estilo gótico. Na praça principal tem um relógio astronômico medieval construído no século XV que marca tanta coisa, a posição do sol, da lua, do zodíaco..., que fiquei uns dez minutos olhando e não consegui entender, rsrsrrs
Ponte Carlos em Praga, cheia de esculturas de santos

O complexo relógio astronômico

Praga 

Um dos prédios de arquitetura moderna nas margens do rio

Praga

A noite de Praga é famosa por ser uma das mais badaladas da Europa, me juntei com uma turma de uns oito franceses do albergue e fomos na maior boate do leste europeu. Enorme, com cinco andares e dois ambientes em cada andar. Foi uma noite muito bacana, desde a caminhada de uma hora para chegar na boate vendo as luzes da cidade, a noite toda de barulho onde até reencontrei o Felipe e a Lorena, dois brasilienses gente finíííssima que conheci numa outra boate em Berlim, e a caminhada de mais uma hora já pela manhã vendo a cidade acordar. Por isso que adoro albergue e não troco por hotel. Sempre conhecemos gente nova e geralmente é uma moçada cheia de energia que gosta das mesmas coisas. Não é só pelo preço, é pela moçada. Eu sempre tento explicar isso e poucos entendem... se me dessem para escolher pelo mesmo  preço um hotel 5 estrelas e um albergue com 20 camas no quarto, eu prefiro o albergue. Num hotel de luxo a gente não conhece ninguém, no máximo cruzamos com outros hóspedes rapidamente na recepção ou no elevador. No albergue a galera já vai querendo conhecer gente diferente e interagir. Se tem alguém bebendo alguma coisa, o pessoal chama, oferece, socializa, e logo vai crescendo o grupo, e tem mais gente para contar suas histórias e experiências. E só o que preciso para dormir é uma cama, nada mais.  
Passeando no dia seguinte...eu pensava que os óculos escuros
espelhados iriam esconder o cansaço da festa !!

O Castelo de Praga, da Ponte Carlos

Praça Central de Praga

De Praga descemos para Budapeste, capital da Hungria. O curioso é que a cidade foi formada pela fusão da cidade de Buda, com a cidade de Peste, que são separadas pelo rio Danúbio, passando então a se chamar Budapeste. Tomamos café no principal mercado da cidade, todo colorido com pimentas e bonequinhas coloridads que são típicas da Hungria,  em seguida cruzamos para o outro lado do rio passando pela Ponte das Correntes, um dos símbolos da capital húngara por ter sido a primeira ligação permanente entre Buda e Peste. Na outra margem visitamos o Castelo de Buda de onde se tem uma linda vista do rio Danúbio e de Peste.   
O colorido mercado de Budapeste

 Uma das pontes que liga Buda a Peste

Budapeste


Cruzando a Ponte das Correntes, de Peste para Buda

O Parlamento, visto do alto de Buda

A Ponte das Correntes

Um dos jardins do Castelo de Buda

Detalhe da Catedral no lado Buda

Uma vista mais ampla de Peste, do alto de Buda


Na corrida pelo Leste, descemos mais um pouco para Viena, capital da Áustria. Cidade enorme e cheia de atrações. Cruzamos a pé por vários parques liiiindos pela cidade. Cruzamos toda a margem do rio Danúbio que é uma verdadeira exposição de arte a céu aberto. O artistas expõem suas pinturas e esculturas, além dos grafites nas paredes, também  verdadeiras obras de arte. Falando em arte, Viena é o berço dos maiores expoentes da música erudita, fizeram carreira por aqui simplesmente Mozart, Beethoven, Strauss...entre vários músicos famosíssimos, fazendo de Viena a ‘Capital da Música Erudita’ do mundo. Pra todos os lados tem um monumento ou praça levando o nome de algum desses camaradas. Imaginem o que é andar pelas ruas ou pelos bosques de Viena, ouvindo alguma música clássica de um ‘conterrâneo’ no violino, tocada por um artista de rua!!! Outro camarada que fez carreira  na Áustria foi Freud, o pai da psicanálise. Ele viveu em Viena por quase 40 anos, e foi onde sua produção científica mais importante foi escrita. Visitamos o lugar onde ele morou por todos esses anos, onde ele também atendia seus pacientes. A casa agora é um museu, com vários objetos dele, rascunhos de suas obras, a sala de espera com os móveis originais, muitas fotos, histórias e objetos antigos que ele colecionava.  Viena foi uma cidade que realmente eu queria ter passado mais tempo para explorá-la melhor. 
Viena

Cheguei cedo pro festival

Qual é a rua do Freud ??

Na casa/museu do Freud, suas fotos e livros

A sala de espera

Esperando minha consulta...preciso me tratar
dessa compulsividade por viagens !!

Uma auto-filmagem nas  margens do rio Danúbio
(que não tem nada de azul, como naquela valsa...)

Parques de Viena...

Pensando na vida em um dos bosques de Viena...

Viena

Jardins de Belvedere

Jardins e Palácio de Belvedere - Viena

Admirando os vitrais de uma catedral em Viena

Um dia eu volto por aqui...

Turista nas ruas de Viena

Passado sombrio


Berlim, 02 de agosto de 2011.

Descemos para a Alemanha, de Amsterdã para Berlim. Estamos viajando praticamente só de trem entre os países. Dentre as cidades que visitei até agora na Europa, Berlim foi a que menos atraiu visualmente, porém é carregada de história, o que compensou e valeu bastante a visita. 
Histórias terríveis da guerra e matança causada pelos nazistas, com o objetivo de eliminar as ‘raças inferiores’ como os judeus, homossexuais, ciganos outros grupos religiosos e todos que fossem opostos ao regime.
Apesar do genocídio aqui ter sido bem maior  que o liderado pelo Kmer Vermelho no Camboja, eu não me senti tão envolvido como ocorreu no Camboja. Acho que porque o ocorrido aqui faz mais tempo(em torno de 70 anos atrás) e eu não conheci ninguém diretamente ligado ao Holocausto como tive a oportunidade que tive na Ásia.Foi muito forte a experiência que tive ao conversar com aquele camarada  em Ban Lung, sobrevivente do genocídio ocorrido no Camboja. As imagens ficaram fortes na minha memória ao ouvir as histórias dele sendo contadas com lágrimas nos olhos sobre o dia-a-dia num campo de concentração e ao ter visto sua família sendo morta pelo exército do Kmer Vermelho.  
Aqui o responsável pela matança de mais de 6 milhões de pessoas foi Hitler e seus seguidores, numa terrível história que durou 12 anos. Visitamos  Sachsenhausen, o maior campo de concentração  da época da Alemanha Nazista. Terrível imaginar as milhares de pessoas que morreram ali, com formas de matança das mais cruéis possíveis, passando pelos experimentos médicos dos mais absurdos, até desenvolverem uma forma de eliminar um maior número de pessoas de forma mais rápida, através das câmaras de gás.   
As trincheiras onde ocorriam os fuzilamentos

As enfermarias onde eram feitos os experimentos médicos
nos prisioneiros

Uma estátua em homenagem aos mortos, neste local
que eram as câmaras de gás e os fornos crematórios onde
eliminaram milhares de pessoas...terrível.

Fizemos um passeio guiado a pé pelas ruas de Berlim, e o guia contou diversas histórias que não constam nos livros didáticos, explicando vários fatos sobre o que íamos vendo pelo caminho. Como o esconderijo que Hitler ficou antes do seu suicídio, sobre os bastidores da derrubada do Muro de Berlim que dividiu a Alemanha durante 27 anos, sobre Monumento aos judeus mortos no Holocausto e etc. Passamos pela universidade Humboldt, uma das mais importantes da Europa e do mundo, por onde já passaram Albert Einstein, Karl Marx...além de outros 29 ganhadores do Prêmio Nobel... Os mais importantes pontos turísticos de Berlim, tem alguma relação com o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial. Os museus e painéis espalhados pela cidade são uma verdadeira aula de história.

Antiga pintura no centro da cidade

Painéis em frente a um pedaço que restou
do Muro de Berlim, explicando toda a história da guerra
Linha por onde passava o Muro de Berlim
Eis o muro que separou famílias por mais de 27 anos



O prédio do Governo Alemão

Hotel Adlon, o mais famoso de Berlim
onde ficam os presidentes e atores famosos...
foi aí em 2002 que Michael Jackson pendurou  bebê pela janela!

Praça dos museus

Monumento aos judeus mortos no Holocausto em uma
enorme área no centro de Berlim
São mais de 2.700 blocos de concreto, um diferente do outro...
representando que cada um dos judeus tinha uma vida 
e uma história diferente

Sempre procuro um parque para descançar entre as caminhadas 


Um dos sofisticados prédios comerciais
 no centro da cidade

Porta de Brandemburgo, um importante símbolo
de Berlim
  




Coffee shop


Amsterdã, 30 de julho de 2011.

Seguimos então para a Holanda, a primeira parada foi em Roterdã, cidade onde está o maior porto comercial da Europa e um dos maiores do mundo. A cidade não tem tantos atrativos, incluí ela no roteiro pois queria visitar uma amiga japonesa que conheci no Egito. Conheci muita gente que mora na Europa, mas não tive tempo de visitar todos eles, precisaria de mais uns 2 meses para isso. Durante um passeio  de barco que fiz em Roterdã, passei pelo imenso porto com centenas de navios cargueiros, alguns deles carregando ou descarregando os contêineres através de enormes e sofisticados guindastes. Impossível não lembrar do meu pai, que passou 25 anos “empurrando água” (como ele diz) pela Marinha Mercante e já cruzou o mundo todo comandando navios petroleiros e rebocadores. Acho que meu gosto por  viagem começou quando viajávamos de navio com o papai. Eu era bem pequeno e não lembro tão bem, mas a viagem que fizemos de navio ao Uruguai, que foi a mais longa de todas, me faz lembrar de vez em quando das minhas brincadeiras no navio, quando pescávamos ancorados em algum porto, a enorme sala de máquina daqueles navios...lembranças que tenho toda vez que vejo  navios. Rodei ainda por bonitos parques e praças de Roterdã.  
Roterdã

Guindastes no porto de Roterdã
Um dos famosos moinhos da Holanda


Região da marina de Roterdã






Descansando em um dos lindos parques de Roterdã

Minha amiga Aya

Gosto de assuntos polêmicos. Assim como as religiões que despertaram ainda mais  meu interesse por envolverem tanta polêmica, outros assuntos relacionados a costumes e tabus me fazem refletir. Assuntos que são vistos de forma tão diferente de um país para outro,  nos fazem rever alguns conceitos e causam interesse pela história e evolução das  sociedades.
Quando se trata de assuntos bastante controversos, fica bem difícil se posicionar a favor ou contra. E quanto mais informações temos, aí é que se reforça essa imparcialidade. Vou falar um pouco sobre um tema que divide muito as opiniões: a legalização da maconha. Como estou na Holanda, estou em “território legal” para tocar nesse assunto! É quase impossível andar pelas ruas de Amsterdã e não refletir a respeito desse tema. O uso da maconha aqui é tão comum quanto o cigarro e o álcool. Ela é vendida legalmente nos Coffee shops da cidade, regulamentados pelo governo. E esses locais não são guetos marginalizados e frequentados por delinquentes como qualquer mente puritana pensaria a princípio. A coisa é tão comum aqui, que o sujeito escolhe em um menu, qual qualidade de maconha ou haxixe (um derivado da maconha) ele deseja. Em vááárias lojas da cidade pode-se comprar também qualquer apetrecho para o fumo. Um aparato interessante que vi foi um vaporizador, onde a erva é aquecida com vapor e a fumaça criada não se dá pela queima(ou seja, não se cria substâncias tão nocivas, quanto aos criados pela queima), então o vapor é puramente vindo da planta. Visitei inclusive o “Museu da Maconha e Haxixe”  onde mostra toda a história do uso da Cannabis, incluindo outras formas de utilização da planta, é o único museu do mundo deste tema. O cânhamo, por exemplo, uma fibra provinda da cannabis, feita de uma espécie de canabis que não possui a substância entorpecente, era muito utilizado antigamente para a confecção de tecidos, cordas e papéis. Além de várias informações no museu, grande destaque também é dado ao seu uso medicinal, mostrando que há muito tempo ela é utilizada com êxito na medicina, inclusive uma rainha da Inglaterra já fez uso de suas propriedades terapêuticas. Eles têm também uma pequena livraria que disponibiliza vários livros sobre últimos estudos médicos desenvolvidos com a planta.
Ouvindo uma conversa de um dos funcionários do museu com outros visitantes, ele fez um relato contando  sua experiência por ter trabalhado por dois anos em um hospital em Amsterdã, onde se utiliza a cannabis em pacientes portadores de doenças degenerativas musculares. Ele contou que o relaxamento muscular causado pela substância ativa, o THC( que é administrada de outra forma, não em forma de cigarros!) auxilia bastante na fisioterapia e consequentemente na melhora da condição desses pacientes. Além disso ela tem comprovada eficiência no tratamento ou prevenção de várias outras doenças como a doença de  Alzheimer, vários tipos de câncer,desordens mentais e esclerose. Em outros países como os EUA e a Alemanha, também se pode comprar com uma autorização médica, o medicamento nas farmácias.
Antigos medicamentos à base de cannabis

No museu, a demonstração do vaporizador

As letrinhas mais fotografadas de Amsterdã


Por que a maconha é tão marginalizada no mundo? Por que quando se vê alguém embriagado por ter bebido uma grande quantidade de álcool é uma cena completamente normal, enquanto que alguém que fumou um baseado é visto como um ‘drogado’ e transgressor? Por que se criou uma imagem tão negativa e hipócrita em relação ao uso da cannabis, sendo considerado um assunto proibido em rodas sociais, fazendo tantas mães chorarem ao descobrirem que seus filhos são usuários? Enquanto que se o menino chegar com cheiro de bebida é absolutamente normal, e a mãe ainda prepara uma sopinha para curar a ressaca do rapaz !!?? Talvez o álcool tenha mais probabilidade de levar à dependência, mas é uma droga que é totalmente aceita e a tolerância social é reforçada com a propaganda que estimula o seu uso fazendo uma relação com alegria e descontração de quem usa.
A maconha já era utilizada na China há mais de 5 mil anos, e de poucos anos para cá, quando foi considerada ilegal, criou-se uma imagem bem discriminadora de seus usuários.  Nos anos que morei no rio Negro, aprendi muita coisa sobre os índios Yanomamis através da minha amiga Socorro que desenvolve um trabalho excelente junto a eles. Assim como as outras dezenas de etnias indígenas que vivem na região do alto rio Negro, os Yanomamis têm muitos de seus costumes preservados. Ela me contou de um entorpecente poderosíssimo utilizado por eles. É colocado um pó extraído de uma planta em um enorme cachimbo, onde basta uma puxada para o sujeito ficar completamente transtornado. E eles fazem suas danças e rituais à base desse entorpecente. E aí?, alguém teria coragem de dizer que o índio está errado, contra a lei e é um delinquente passível de punição?  O homem usa plantas e raízes com efeito entorpecente há pelo menos 10 mil anos...                                                                  
É muito difícil formar uma opinião simples diante de um tema tão complexo como este. É impossível fazer uma previsão exata das consequências da legalização, por mais que se tome por base os modelos de outros países. Questões do tipo: Iria aumentar ou diminuir a criminalidade? Os problemas de saúde em consequência do maior número de usuários seriam realmente piores?, já que haveria um maior controle de qualidade e uma maior atenção na saúde pública para esses problemas... Se todo o dinheiro público investido na tentativa de controle do uso, fosse usado em campanhas de educação, seria melhor para a sociedade? Com a descriminalização, teriam menos mortes relacionados à guerra ao tráfico e melhoraria o problema carcerário no Brasil? Essas e outras dezenas de perguntas no âmbito econômico, social, da saúde, da moral... são difíceis de se prever, pois em cada sociedade, uma política pública tem um resultado diferente. A verdade é que a guerra contra as drogas nunca será vencida e milhões são gastos inutilmente. Enfim, é fato que a cannabis tem efeitos prejudiciais à saúde se utilizada em excesso, estudos demonstram que o prejuízo no organismo se dá após o uso diário por mais de 15 anos consecutivos(como a diminuição de 2 a 3% da concentração e memória).  Mas se vermos com calma toda a história da humanidade que já utiliza substâncias psicoativas há milênios, e vermos algumas sociedades que não existe qualquer tabu sobre o uso de algumas delas, se trataria o assunto sem nenhum preconceito e os dependentes procurariam ajuda e tratamento sem medo de serem expostos e rejeitados.
Eu vi na Índia, na cidade de Jailsaimer uma loja de cannabis autorizada também pelo governo, pois na Índia também é considerado o lado religioso do seu uso pelos hindus. Outras substâncias alucinógenas também são utilizadas por outras religiões, e nem por isso são marginalizadas.
  Não estou fazendo aqui apologia ao uso, muito menos defendendo a legalização. Como eu disse, é um assunto tão controverso que nem os especialistas do assunto fazem uma análise concreta do caso, isso é uma longa discussão. Só não sou de acordo com o tabu criado em torno da canabis, tanto é que resolvi tratar esse assunto no blog, justamente por estar vendo aqui na Holanda a normalidade que se vê a coisa. A Holanda é definitivamente um lugar para exercitar a quebra de tabus.
Amsterdã é toda entrecortada por canais



Ouvi dizer que em Amsterdã tem mais bicicletas
do que habitantes!

O outro “ponto forte” de Amsterdã, é o Red Light District , ou ‘Bairro da luz vermelha’, onde se concentram inúmeros sex shops e cabarés onde garotas de programa ficam em cabines  com frente de vidro, como vitrines, oferecendo seu ‘produto’. A prostituição por aqui também tem uma longa história, e é uma profissão regulamentada. Elas têm uma casa de apoio, tipo um sindicato(que fica bem ao lado de uma igreja!) onde mostra a história da prostituição em Amsterdã. Esses são os principais temas das lojas de souvenirs de Amsterdã: sexo e maconha! E eles têm uma criatividade incrível para fazer souvenirs sobre esses temas!!! Fui também no Museu do Sexo, que tem um acervo meio fraco..rsrsrsr....mostrando a evolução do tema ao longo dos tempos. O ‘acervo’ dos sex shops é muito mais interessante!
Bati um papo legal com o Melvin, o camarada do couchsurfing que nos hospedou aqui, que morou a vida inteira em Amsterdã. Sobre como o governo faz para controlar os coffe shops e sobre a legalidade desses assuntos aqui.
Melvin, que nos hospedou pelo couchsurfing

Inocentes coelhinhos das lojas de souvenir

Cinto de castidade exposto no Museu do Sexo

Amsterdã é muito linda!