Colônia de férias


Bir Sweir – Egito, 03 de junho de 2011.

Cruzei a fronteira para o Egito, vim para a Península do Sinai. Cheguei já era de noite e não tinha mais ônibus para a cidade onde eu queria ir. Pelos relatos que li sobre o Egito, eles têm muita coisa em comum com os indianos, no quesito ‘enrolar estrangeiros’, já vim vacinado da Índia. E não deu outra, ao cruzar a fronteira(cruzei a pé) e entrar aqui os motoristas de taxi (essa é a pior raça) já tentaram me enrolar. Taxistas são todos mentirosos, quando eles vêem um estrangeiro a pé. Nunca acreditem em taxistas! Eles sempre dizem que o lugar que queremos ir é longe demais, ou que não tem mais ônibus, ou que o hotel que você procura está cheio ou fechado, querendo indicar algum onde eles ganhem comissão. Já conheço todas essas patifarias. Uma vez eu estava de bicicleta (acho que no Vietnã ou no Laos),  e o cara queria me convencer que o lugar que eu tinha perguntado pra ele era muito longe e cheio de ladeiras, dizendo para eu colocar a bicicleta no porta-malas para poder pegar a corrida!!!
 Uma coisa que sempre faço é pesquisar antes para ter uma ideia de valores antes de entrar em um novo país. Caso contrário os caras enrolam mesmo, eles jogam sempre o preço lá em cima, duas ou três vezes mais, justamente para pegar os desavisados recém chegados. ... Então peguei uma condução até uma pequena vila no meio do caminho para passar a noite, e seguir na manhã seguinte. Aconteceu que esse lugar onde vim passar só uma noite é um paraíso! De um lado a praia com uma água inacreditavelmente transparente, barracas e bangalôs de palha e ao fundo uma cadeia de montanhas. Então resolvi ficar mais tempo, passei três dias! Aqui no Sinai tem umas cidades um pouco maiores e desenvolvidas, consequentemente mais turísticas, mas a maioria da costa, que é banhada pelo Mar Vermelho, só tem cabanas e bangalôs de palha, num ambiente super gostoso em frente a uma praia linda.
Cruzando mais uma fronteira

O paraíso no Sinai

Onde a gente sentava pra bater papo

A rede que eu tirava um cochilo de tarde

Os bangalôs caríssimos...menos de 6 reais! eheheheh

Na chegada já fiz amizade com os caras da cabana ao lado, e tive três dias maravilhosos nesse paraíso. Muito banho de praia, mergulho com snorkel (máscara) numa água muito cristalina, vôlei, futebol, frescobol, violão, relax na rede em frente ao mar....foi uma colônia de férias, até pipa a gente soltou de noite. Uma galera muito bacana, estavamos só nós na praia. Um mexicano figuraça que explicou a receita de um monte de comidas mexicanas e cantamos um monte de músicas em espanhol inventadas na hora (engraçadíssimas depois de umas doses de wisky...), um israelense gente finíssima que passei quase um dia inteiro sentado olhando pro mar conversando com ele sobre a vida(a vida fica linda e maravilhosa, e temos um monte de ideias para melhorá-la depois de umas doses de wisky)... um neo-zelandês que já estava viajando há sete anos(me deu ainda mais vontade de continuar viajando, ainda mais depois de umas doses de wisky), e um negão gerente da pousada que é de uma cidade no sul do Egito, próximo ao Sudão, que brincou com a gente todos esses dias e colocou pra tocar umas músicas bem africanas da região dele(muito bacanas de dançar depois de umas doses de wisky)....rsrsrsrsrs

O aquário na frente de casa

Meus companheiros de banho

Nossa turma batendo uma bola no fim de tarde

Tomando umas doses cantando e ouvindo músicas africanas

Na última noite chegou mais um pessoal. Curti demais ouvir uma conversa entre uma menina da Jordânia bem interada na ideologia árabe, e um camarada israelense também por dentro do assunto,  sobre as desavenças entre os árabes e israelenses. Uma conversa  tipo um colocando culpa no outro pelos conflitos, ela defendendo o lado dos jordanianos e palestinos, dizendo que só o que eles querem é o território, a terra que é prometida para eles. O israelense defendendo que seu país não quer guerra, dizendo que são os árabes que invadem seu território e soltam bombas. Quando os israelenses falam alguma coisa dos palestinos, os jordanianos não gostam porque ofender os palestinos(que são árabes) ofende indiretamente todos os árabes. Então essas discussões ainda vão render por muito tempo, sabe-se lá quando o Oriente Médio vai ficar em paz.
Muito tempo num lugar bonito como esse, sem fazer nada, sobra muito tempo de pensar na vida. Já estou pensando muito como como vai ser minha vida quando eu voltar para o ‘mundo real’. Eu ainda não cheguei a nenhuma conclusão ainda, só sei que estou descobrindo muitas coisas que gosto nessa viagem, e tenho dado mais importância para a felicidade,  e tenho certeza que vou mudar a forma pensar no cotidiano. Não é que eu não gostasse da minha vida antes da viagem, só acho que eu estava trabalhando demais e me dando pouco tempo para fazer as coisas que gosto. Só sei que vou reprogramar minha agenda para que eu me dedique mais aos meus hobbies, inclusive viajar. Olhando assim de fora, percebe-se melhor quanto tempo perdemos trabalhando e deixando de fazer o que gostamos. Estamos sempre adiando: eu queria isso, eu queria aquilo, ...deixando a vida pra depois. Quero me dar tempo para meus esportes, meus instrumentos, minhas línguas, para as pessoas que gosto, e todas as atividades que acho prazerosas. Tudo isso para preencher o tempo entre uma viagem e outra, eh eh eh. Por enquanto,deixa quieto.  
   

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Rogério

Eu tive essa convicção que estava deixando as coisas que me dão prazer de lado em 2008, pegava minhas férias e passava 30 dias em casa só assistindo televisão e comendo, a partir de 2009eu viajo durante todas as minhas férias, é muiiiito bom.
A filosofia mochileira já faz parte do meu cotidiano.
Continue apreveitando !
Abração

Márcio Augusto