Praia e sol



Tel Aviv - Israel, 23 de maio de 2011.

Quem tem acompanhado o blog deve ter percebido que procuro ser bem sincero nos meus relatos, algumas derrotas eu omito, como uma em Luang Prabang no Laos onde dei um vacilo tomando banho no rio e roubaram minha câmera(ih...contei!), ou das vezes que errei um caminho e tive que andar uma hora e meia a mais com mochila pesada nas costas, omiti porque foram irrelevantes. Mas tento contar as histórias de forma  verossímil , contando o que realmente passa na minha cabeça durante minhas andanças. Quem teria a coragem de dizer que só comeu arroz com salsicha na Polinésia Francesa... um dos locais mais sonhados no mundo!?! Escrevo dessa forma com o objetivo de trazer quem me lê, para a realidade do lugar onde estou, mostrando que viajar não tem mistério nenhum e podemos fazer em qualquer lugar do mundo o que faríamos numa viagem de fim de semana para uma cidade próxima da nossa, onde costumamos ir com os amigos.
Mantendo a palavra, vou contar sobre minha chegada em Tel Aviv, não iria contar isso, mas pra manter a palavra da verossimilhança, lá vai. Cheguei em Tel Aviv tarde, até que eu pegasse o ônibus e fosse para a região próxima à praia onde eu queria me hospedar e rodar atrás do albergue mais barato já era uma hora da madrugada. O lugar mais barato que achei custava 50 reais!! ( na Índia pagava 3-5 reais em média!, ô saudade). Israel é tudo muito caro em comparação com o resto da Ásia, aqui é país de Primeiro Mundo, e os preços também são de Primeiro Mundo!! Então, já estava meio cansado de andar, já eram 1:30h da madruga, e os albergues caríssimos. Não consegui nenhuma resposta do couchsurfing para ter hospedagem, aí começei a olhar um lugar pra descansar até amanhecer, afinal em 4-5 horas o sol apareceria, e eu não queria pagar tudo isso por essas horinhas  !! E achei um local em uma vila bem pouco movimentada onde pude descansar até o dia amanhecer. Esperar um pouco para não pagar uma diária salgada de albergue não seria tão ruim assim. Levei em consideração que Israel é um país super seguro, era um local que não passava ninguém, então a chance de passar um ladrão por ali naquele horário era quase nula, então me escorei numa área de um prédio que estava bem limpinha e convidativa, ainda achei por lá uma folha de isopor que virou uma cama bem confortável... onde passei minha noite. Cedão eu acordei e fui pra praia...nem foi ruim assim! 7h da manhã já estava na praia tomando um banhão, fazendo barra, flexão, alongamento... e bem disposto!!! É aquela coisa de abrir mão do conforto de vez em quando,...que eu não tô nem aí. E foi até divertido.
Acordei cedo para malhar na praia !! 




Passei esse primeiro dia inteiro na praia, o clima das praias aqui em Tel Aviv, como já tinha ouvido o relato de outros viajantes, é bem parecido com o do Rio de Janeiro: gente bonita que gosta de cuidar do corpo(não como as cariocas, mas chega perto), pele bronzeada, pessoas jogando frescobol, correndo ou andando de bicicleta no calçadão, gente descolada bebendo cerveja e vestindo bermuda ou biquini. Numa atmosfera bem familiar, porém mais cosmopolita, onde se escutam na praia outras línguas da mesma proporção que o hebraico(língua falada aqui). Eu conheci e cruzei com muitos israelenses pelo caminho e já tinha notado essa semelhança com os brasileiros, tanto fisicamente como no comportamento, e já esperava sentir esse  clima por aqui. Conheci vários israelenses, e viajei junto com alguns deles por um tempo em vários países e já sentia essa afinidade. Eles também gostam muito de visitar o Brasil, o que se percebe facilmente quando vemos várias cangas com a nossa bandeira ou com as cores das fitas do Senhor do Bonfim da Bahia,  pelas areias da praia. As praias também são bem guardadas pelas guaritas de dois andares dos salva-vidas com seus alto-falantes que vivem dando alertas bem altos aos banhistas.


As bicicletas elétricas para alugar nas ruas

Essa manifestação em frente à  Embaixada Americana
deve ter aparecido na tv



Temos sim uma certa semelhança, mas ainda temos uma mentalidade diferente, nossa mentalidade terceiro-mundista não permitiria por exemplo a disponibilização pública de aluguel de bicicletas elétricas (iriam roubar todas) ou ônibus públicos urbanos sem catraca onde se pode entrar por qualquer porta e pagar depois para o motorista,muita gente iria dar calote! Muita coisa que vi em outros países desenvolvidos não funcionariam no Brasil, temos sim uma terrível mania de burlar leis e regras e não temos um comportamento exemplar. Como na Nova Zelândia, onde tem máquinas para pagar o estacionamento nas ruas, nunca no Brasil as pessoas iriam pagar corretamente, se pagassem, não iriam pegar o ticket na maquininha no mesmo horário que estacionassem. Iriam dar um jeito de pagar menos que o correto. Também na Nova Zelândia, passando num ônibus por uma estrada onde tinham umas fazendas, vi uma mesinha na porteira de uma das fazendas com algumas frutas, o preço e uma caixinha para colocar o dinheiro, e ninguém pra vender...a pessoa podia pegar as frutas e colocava o valor na caixinha,... será que essa forma de comércio funcionaria no Brasil??!! Nunca. Não estamos culturalmente preparados para várias tecnologias ou facilidades que existem no Primeiro Mundo
Depois eu consegui contato no couchsurfing, e arrumei uma casa para ficar,  a menina que está me hospedando não é nascida em Israel mas mora aqui há um tempão e é bem interada sobre assuntos do Oriente Médio, e trocamos muita ideia sobre a situação política da região e sobre alguns costumes  religiosos dos judeus, apesar também de ela não ser judia. Ela me emprestou uma bicicleta que pude rodar em toda a cidade de Tel Aviv durante três dias seguidos, curti demais rodar por toda a orla, por parques e por dentro da cidade. Gostei muito de Tel Aviv, tive uns dias de praia bem relax, me deu até vontade de ir morar em alguma cidade de praia do Brasil por algum tempo depois que eu voltar, só pra ter mais isso...caminhada no calçadão, bicicleta na praia, deitar na areia a tarde toda...tava sentindo falta disso.       
  
Ipanema?


Pegando um sol no calçadão em Tel Aviv





2 comentários:

Anônimo disse...

Boa Rogério, muito show essa sua volta ao mundo!
Eu acompanho o blog e adoro ler tudo o que você escreve.
Daqui a 4 anos pretendo fazer a minha volta e o seu blog é uma grande inspiração.
Valeu!

Menina de Angola disse...

Rogério, quando eu estivem e Tel Aviv conheci um israelense na praia que estava dormindo por lá, naquelas barraquinhas... Ele estava de férias rodando por ai meio sem destino. Agora tenho de te dizer que em SP existe um sistema que empresta bicicletas em algumas estações de metro e funciona muito bem...

bj e boa viagem!!!!