De volta ao Planeta Vermelho

 
Li Jiang – China , 19 de janeiro de 2011.

De Sapa  fui para Lao Cai, uma outra cidade no Vietnã que faz fronteira com Heikou, na China. Eu sabia que era perto mas não sabia o caminho para cruzar a fronteira. Mermão, foi uma situação muito inusitada.Foi assim: desci do busão, montei a bicicletinha e saí pedalando na direção da ponte que liga as duas cidades, ou seja, os dois países. Mas eu não sabia o caminho, aí eu parava de vez em quando e perguntava para alguém na rua: Onde é a China? Imagina uma situação dessa! Andar de bicicleta com uma mochila na costa e outra no peito perguntando onde é a China!!!! Pior é que muita gente não me entendia, pois ‘China’ em vietnamita tem outro nome. Até que achei a fronteira, fiz os trâmites da imigração do lado do Vietnã,  cruzei a ponte, me apresentei na imigração chinesa, tranquilo e entrei pedalando em Heikou. Geralmente em fronteiras, as duas cidades vizinhas tem uma mistura entre as duas culturas, aceitam as moedas do outro país por exemplo, tem coisas escritas nos dois idiomas...Mas aqui foi diferente, saí de um mundo e entrei em outro. Fiquei abismado como cem metros de distância podem separar duas realidades completamente diferentes.
Em todo o sudeste asiático achamos com facilidade lugares que nos dão informações em inglês, o que facilita demais nossa vida, na China quase  NINGUÉM FALA INGLÊS !!  Pra começar fui atrás de um banco para sacar dinheiro, eu não tinha muito tempo, eu tinha uma hora  para achar o banco e pegar o ônibus , a bicicletinha quebrou um galhão pra rodar atrás do caixa eletrônico, eu fui em umas duas agências de viagem, hotéis, correio, pra perguntar onde tinha banco e ninguém me entendia. Teve um que me entendeu quando eu peguei um cartão de crédito e fiz o gesto de sacar dinheiro, mas ele me ensinou um banco que não aceitava a bandeira do meu cartão. Rodei, até que achei o banco, consegui sacar aguns Yuans, achei a rodoviária e comprei minha passagem. Ufa! Menos de duas horas de China e já deu pra sentir o drama que eu iria enfrentar. Acabou a moleza do sudeste asiático, onde todos os hotéis/albergues e agências de turismo te dão informações sobre tudo e vendem qualquer tipo de passagem, seja de ônibus, trem ou barco.
Já no ônibus fiz amizade com dois casais chilenos e um casal argentino, foi um encontro sulamericano em direção a Kunming, a outra cidade onde eu iria pegar um trem para o norte da província de Yunnan.  Tinha um chinês com um chulé insuportável deitado do nosso lado no sleeper bus, rimos muito, até que pedimos pra ele mudar de cama(sim, cama do ônibus) aí conseguimos dormir numa boa.Dei muita sorte, meus anjinhos colocaram esses chilenos no meu caminho, pois eles também estavam vindo no mesmo caminho que eu e como eles moram em Shangai há sete meses, falam um pouco de mandarim... Colei neles! pois é muito difícil andar aqui. Dez horas depois chegamos em Kunming, sete da manhã ainda estava escuro (aqui o sol nasce oito da manhã!!!) e rumamos para estação de trem. Como o Diego e a Macarena tinham que resolver um problema com uns tickets, nos separamos dos outros dois casais e  resolvemos passar o dia em Kunming para pegar o trem a noite para cá para Li Jiang. Valeu muito! Foi muito bacana esse dia. Andamos o dia todo, eu estou maravilhado novamente com a China. Apesar de já ter ido a Hong Kong e Macau, a China impressiona de qualquer jeito. Lembra quando eu desembarquei em Hong Kong, que eu disse ter tido a sensação de ter sido abduzido?! Então, agora estou de volta para esse planeta vermelho e gigantesco. É o país mais populoso do mundo, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes!! ( o Brasil tem 190 milhões...)existem mais de cem  cidades de cinco-seis milhões de habitantes(Belém tem menos de três milhões).
Fomos num parque enorme em Kunming, um lugar muito bonito com lagos, pontes, jardins, milhares de gaivotas brigando pelo pão que lhes eram oferecidos...vários de grupos de idosos dançando, tipo dança de salão, é gostoso de ver como eles dançam, como uma forma de ginástica ou terapia para manter a vitalidade. Sem se importar se estão no ritmo ou se tem um monte de gente vendo, eles dançam com muita vontade. Outros idosos cantando e tocando uns intrumentos bem diferentes, pessoas praticando o Tai Chi Chuan(ou Kung Fu , ou Karatê – não sei a diferença).
Divertido foram os chineses nos chamando para bater foto. A gente brincava: “viemos pra China pra passear em paz, mas até aqui nos reconheceram!!” A gente parecia artista da TV posando para tanta foto.  A noite pegamos um trem para Li Jiang.
Atravessando a fronteira entre o Vietna e a China...
Diego e Macarena, meus amigos chilenos
Alguem adivinha o que e isso?

Parque de Kunming


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