Mundo digital

Da Lat - Vietnã, 27 de dezembro de 2010.

Quando estamos longe da família em datas importantes , as ‘mudernidades’ ajudam a quebrar um pouco da distância. Pela diferença do fuso (aqui são dez horas a mais que o Brasil) quando tava rolando a ceia de natal na casa da minha irmã, eu já estava acordando com ressaca da noite anterior! mas pude participar virtualmente através do msn/web cam do jantar em família. Posei até pra foto junto com todo mundo(meu irmão segurando o notebook!!!) ...mesmo do outro lado do mundo, saí na foto do lado da árvore de Natal !!! Devido essa diferença de horário e como tenho contato direto com o pessoal daí do outro lado do planeta através da net  em tempo real, até criei uma frase sem graça: Enquanto vocês trabalham, eu durmo. Enquanto vocês dormem, eu passeio....
De Saigon peguei um sleep bus, não como aquele que peguei no Laos que eram camas, esse eram poltronas-cama, muito confortável também que ferrei no sono na saída e acordei com o ‘rodomoço’ (?) me cutucando seis horas depois pra eu descer.Cheguei aqui três da madruga e por ser uma cidade numa região montanhosa a quase 1.500 metros de altitude, tava um frio da porra. Tive que tirar o casaco do fundo do guarda-roupa e me cobrir. Eu não gosto de clima muito frio, não é o caso daqui pois não chega a incomodar, é um clima gostoso, mas já dói meus ossos em pensar no frio que vou pegar na China mês que vem...tenho acompanhado na tv que tá fazendo menos de dois graus negativos e ainda tá esfriando mais...
Como aconteceu outras vezes quando cheguei de madrugada em outras cidades, arrumei um canto pra me escorar e dormir até amanhecer pra não pagar uma noite de hotel a mais por causa de algumas horas. Geralmente o check-in é 6-7h da manhã. Toda cidade de clima frio tem uma atmosfera diferente, a paisagem muda, a vegetação é típica de clima teperado com pinheiros e plantações de outros tipos de fruta tipo morango, uva, inclusive tem vinícolas aqui que produzem vinho tipo exportação. Outra coisa muito cultivda por aqui é o café, onde podemos tomar vários tipos em uma das diversas casas de café comuns em toda cidade, por um preço irrisório.
Fui tomar café da manhã no mercado e na saída um cara me ofereceu um tour de moto para uma cachoeira e uns outros locais pelo caminho. Não sou muito de fazer esses passeios, prefiro ir por conta própria, mas como era um local montanhoso a 35 Km longe da cidade, levando em consideração que minha bicicletinha nem tem tanta marcha pra eu ficar subindo ladeira...e fazendo as contas do aluguel da moto mais gasolina, eu pagaria uns 5 reais a mais pra ir com o camarada...então topei e fui dar esse rolê com ele.
A cachoiera não era lá essa coca-cola mas os lugares que fomos parando no caminho e que não tinham no meu guia foram interessantes, por exemplo eu nunca tinha ido num (eu não sei nem como é que chama...) local onde se cultivam cogumelos! Os cogumelos são muito consumidos aqui no sudeste asiático mas eu nem tinha ideia como eles eram produzidos em larga escala. Os caras colocam serragem de madeira dentro de um saco plástico e fervem numa grande caldeira, depois esses sacos são pendurados numas estufas para manter a humidade e proteger da claridade e em um mês o cogumelo brota através de furos feitos no saco.


Estufa de cultivo de cogumelos

Passamos por plantações de chá, de café, de flores...e encostamos numa fábrica de seda, onde vi todas os passos da confecção da seda desde o casulo com o bicho dentro, as etapas de extrair o fio até as máquinas de tecer bem arcaicas produzindo diferentes tipos de tecido. Na volta passamos por uns vilarejos nas montanhas onde as mulheres teciam e vendiam uns artesanatos, onde fiquei um tempo curtindo aquele friozinho vendo as crianças brincando e uns idosos espalhando o café para secar ao sol.
Na fábrica de seda- onde o casulo é escaldado e extraído o fio da seda 

Vilarejo nas redondezas de Da Lat

Chegando de volta na cidade a última parada foi a ‘Crazy House’, uma casa que ganhou esse nome pela sua arquitetura ‘Alice no país das maravilhas’ cheia de cômodos, varandas e passagens entrelaçadas como se fossem galhos de árvore, tem até uns quartos para quem quiser se hospedar...tudo muito maluco mesmo.
Crazy House - dá pra entender alguma coisa?

Hoje peguei a bicicletinha para rodar, pois a cachoeira que tava na minha programação do dia era mais próxima. Eu tava lá curtindo a paz que o barulho da cachoiera me dá,  sentado lendo um livro(estou lendo Comer, Rezar e Amar...que me recomendaram) e me chega uma centena de moleques, sem exagero, acho que era uma excursão de colégio, que não consegui mais me concentrar pra ler pela barulhada que eles faziam. E fiquei olhando eles e os outros turistas que chegavam na cachoeira. Engraçado, principalmente depois da recente popularização da foto digital, muita gente quando visita um lugar se preocupa muito mais em bater foto do que observar e sentir a beleza do local, parece que eles foram lá exclusivamente para isso: bater foto. Não estão nem aí pra nada, não observam nem sequer por alguns minutos os detalhes, não se interessam pela história, pelo significado. Chegam, batem foto do maior número de ângulos possíveis e vão embora. Todos temos vontade de bater foto de um lugar novo, mas não podemos virar escravos da máquina fotográfica. Tenho me policiado pra isso, já aconteceu algumas vezes de eu ficar andando procurando um melhor ângulo  e de repente eu me tocava que tava desviando a atenção do local. Adoro foto, já fiz mais de 5mil nessa viagem mas não vivo em função de achar diferentes ângulos o tempo todo. Tenho usado praticamente só uma máquina bem pequena portátil que carrego no bolso ou na cintura e quando vejo uma cena que vale um clic , faço que nem um cowboy pra sacar um revóler...ehehe Não tenho o trabalho de abrir a bolsa ou mochila, tirar uma máquina pesada da capa, bater e guardar de novo. Pode parecer um procedimento simples mas fazer isso dezenas de vezes todos os dias dá no saco!
Para fazer fotos como essa, temos que ser rápidos no gatilho!

  

3 comentários:

Kahlyne disse...

" colhendo cogumelos pra fazer um chá legal, ficar muitcho louco, curtindo um visual... só para loucos, isso é só para loucos....caretas não!..."

Lili disse...

Leio, nossa foto ficou ótima!!! Realmente, a "mudernidade" nos propicia uma Ceia de Natal em família, mesmo vc estando do outro lado do mundo. Thanks God!!!
Feliz 2011 para todos nós e que sua viagem continue iluminada.
Beijãozão da tua mana que te amaaa!

Rogério Oliveira disse...

Kahlyne, esses cogumelos sao comestiveis!