Parei de roer unhas

Ho Chi Minh City ( Saigon) - Vietnã, 22 de dezembro de 2010.
Meu roteiro no Camboja
Fui para Sihanoukville, no sul do Camboja. Minha última parada antes de vir pro Vietnã, cruzei o Camboja de norte a sul. É a cidade de veraneio onde o pessoal vem passar o fim de semana. A praia não é lá essa coisa mas o clima da cidade é relaxante  e fazia um tempo que eu não ia pra praia, foi bacana descansar por aqui esses dias, tomando cerveja a um real e comendo lagosta à vontade....muito barato, dez lagostas por 3 reais...paraíso! Fiz um passeio de barco de um dia inteiro pela redondeza e paramos numa ilha, comemos um peixe assado sentado numas esteiras na praia, depois deitei numa rede e dormi na sombra da árvore ouvindo os passarinhos, relax total.
Gringo lendo livro na praia em Sihanoukville

"Aqui nós é rei"... chopp e lagosta à vontade

Serendipity beach em Sihanoukville

Eu falei no post passado que não tava vendo mais tanta novidade. Acontece que numa viagem dessas somos bombardeados de novidades o tempo todo e quando esse ritmo diminui um pouco ficamos com sede do novo, do choque cultural. Precisamos cada vez de mais adrenalina,como um paraquedista depois de 100 saltos ele não sente a mesma coisa como aquele frio na barriga que ele sentiu na primeira vez. Que nem quando saltei de  asa delta no Rio uns meses atrás, foi um salto duplo eu tava com o instrutor, lá em cima  no meio do voo...eu tava botando as tripas pela boca e cara falando no celular tranquilamente:  “olha, me liga daqui a pouco que agora não dá pra eu escrever que eu tô voando...”  parecia que ele tava andando numa praia.
A ansiedade diminuiu, não que tenha perdido a graça, não é isso... apenas não tenho sentido aquele frio na barriga que sentia enquanto estava planejando a viagem. Não tem coisa mais gostosa que planejar uma viagem. Só que daqui é diferente, é tudo muito fácil... tava sentindo isso há um tempo mas me toquei de verdade quando comprei a passagem de Sihanokville para Ho Chi Minh(Saigon) no Vietnã, parece que eu tinha comprado uma passagem pra Mosqueiro, falei pra mim mesmo: ê rapaz, acorda, tu tá indo pro Vietnã daqui a pouco! Quando eu tava em casa estudando roteiro, era muito mais gostoso. Gostamos de coisas que estão distantes, quase ‘impossíveis’ de ter naquele momento, gostamos de desejar o que não temos na mão. Ainda tenho todo o Vietnã para cruzar, cidades muito interessantes, praias, cachoeiras, montanhas...mas quando vejo alguma coisa sobre a China, Índia, Oriente Médio me dá uma aflição maior. É uma fase, é a tal da adrenalina que queremos sempre uma dose mais forte pra satisfazer.
Quando morei em Santa Isabel do Rio Negro no Amazonas pra ocupar mais o tempo também fui professor de física e biologia  do ensino médio por dois anos, e gostava de ler uns temas paralelos principalmente sobre zoologia e evolução pra complementar alguns assuntos durante as aulas e porque eu acho interessante mesmo pensar sobre  algumas coisas, os sentimentos por exemplo.   A ansiedade é um sentimento vital e bem primitivo, o homem sentia isso para sua defesa, de forma instintiva quando estava diante de um perigo iminente. Quando surgia esse perigo ele tinha duas opções: a primeira era fugir e a outra era encarar e lutar. Com a nossa evolução a ansiedade veio tomando outra forma, pois não nos vemos mais diante de perigos físicos e sim de desafios emocionais. Uma viagem, uma prova difícil, a apresentação de um trabalho, um campeonato... É gostoso sentir isso, a ansiedade saudável é o que nos motiva pra muita coisa, continuar praticando um esporte, estudar, viajar... é um sentimento nobre que pode evoluir de forma positiva para a felicidade , ou de forma negativa, para o estresse ou para algum transtorno emocional, depende de como processamos isso na nossa cabeça.
Quando falei na possibilidade de diminuir minha estadia no Vietnã e passar logo pra China, recebi um comentário do meu ‘guru’, o Fred , já falei sobre ele no início do blog inclusive agradeci por ele ter remexido minhas ideias , que foi o que me levou a planejar a volta ao mundo. Ele disse: “Não diminua. Não faça isso. Depois vc se arrepende. Tudo que acabei deixando "pra depois" eu me arrependi, pq não tem depois. Imagina que ta começando. Que é um país novo. Comida. Bia Hoi. Idioma. Não diminua.
Ele fez um blog que virou livro, que me deu muita inspiração de partir pro mundo. E agora eu mochilando pelo mundo e tendo essa interação, esse contato com ele daqui do outro lado está sendo muito bacana...estou fazendo o que passei meses, ou anos vendo na tela do computador. Um abraço grande Fred, vamos falando...





Um comentário:

Marcelo disse...

Pois é, Rogerio. Li o que o Fred falou e concordo plenamente. A gente se arrepende do que deixa de fazer. Quando é que vc vai voltar ai pra ver aquela cidade que deixou de ver?? Melhor fazer agora, no presente! Deve ser o clima natalino.. hehehe.. Força, meu chapa!