O índio e o playboy


Şile - Turquia, 29 de junho e 2011.

Em uma das noites no terraço do albergue em Istambul, onde nos reuníamos para fumar um narguilé e curtir a magnífica vista da Aya Sofia de um lado e o Bósforo do outro, conversando com um camarada canadense, ele disse que estava indo para uma cidadezinha de praia ao norte de Istambul, na beira do mar Negro, para passar uns dois dias dormindo na praia. Em questão de segundos resolvi ir com ele, adoro esses programas de índio!, e combinamos pra sair cedo no dia seguinte. Aconteceu muito isso durante minha viagem, de estar meio indeciso de que cidade rumar e quando alguém sugere algum lugar eu resolvo ir num estalar de dedos. Acho que isso é meio comum quando se está fazendo uma volta ao mundo. Quase todos os camaradas que conheci pelo caminho que estavam viajando do mesmo jeito, tinham dúvida quanto ao itinerário. Acho que isso é bom, viajamos sem estresse de saber o dia de partir, às vezes uma viagem na correria com todas as passagens compradas e hotéis marcados, chega a ser cansativa. Quando estamos em uma cidade sem saber quando vamos seguir, conseguimos relaxar mais, a cabeça fica mais sossegada.
Primeiro cruzamos o Bósforo num dos barcos turísticos, foi um passeio bem bonito ver Istambul de outro ângulo, passando sob as pontes que ligam o lado asiático do europeu, os bonitos palácios, casarões e mesquitas nas margens do caminho. Esse outro lado da cidade tem um clima bem agradável, muita gente cruza para cá para almoçar nos restaurantes à beira do canal. Depois de dois ônibus e uma caminhada chegamos na tranquila Şile (sim, com cedilha no S...lê-se Chile), uma cidadezinha  pacata e bem mais ‘turca’ ... é uma das cidades de praia onde o pessoal de Istambul vem passar feriado, mas como ainda não começou bem o período de férias, está vazio ainda por aqui.
Na saída de Istambul

Cruzando o estreito de Bósforo, essa é uma das pontes que
liga o lado asiático do europeu

Pelo caminho

Numa tranquila rua de Şile

A praia é bonitinha, tem umas pedras que ajudam a dar uma vista legal, pra não perder o costume escalei uma montanha lá da praia para ver o mar Negro(que não tem nada de negro como o nosso rio Negro do estado do Amazonas) e pegar um vento lá de cima. Ao anoitecer, disse pro meu camarada que aquela praia estaria boa pra nós passarmos a noite como ele disse que ia fazer. Mal ele sabia que eu tava a fim de dormir na praia de verdade! Acho que ele falou que ia dormir na praia na noite anterior pra dar uma de “moleque doido” e achou um mais doido que ele! Como num jogo de pôker...ele blefou sem ter jogo na mão, e eu paguei pra ver...Ele desconversou e fomos procurar um hotel....pra compensar ele pegou um quarto que seria o mesmo preço uma ou duas pessoas, e me deixou dormir de graça. Como era ele que tava pagando,  fiquei com o tapete!
Meu parceiro 

Na montanha da praia

Şile

Descansando depois do vôlei

Nesta noite me permiti um jantar num restaurante com vista pro mar, a Turquia não é tão barata quanto outros países na Ásia, tem os valores equivalentes aos nossos, mas mesmo assim pode-se ter um bom jantar por menos de 10 reais, talvez metade ou um terço do valor se fosse no Brasil. O conceito de caro e barato muda sensivelmente de acordo com o tipo de viagem que está se fazendo(e é claro, em relação à situação financeira da pessoa e do país que ela vem). Em viagens curtas de até 1 ou 2 meses, já se vai com o dinheiro separado e todos os gastos estão previstos no planejamento prévio. Já numa viagem mais longa a coisa muda, e qualquer economia é importante para a continuidade da viagem. No outro dia passamos o dia na praia, já de tarde o meu parceiro, que depois vi que ele tava mais para playboy de mala de rodinha... se mudou  para o hotel mais caro da cidade(120 reais a diária), ainda fiquei na piscina com ele, mas como não tinha tapete pra mim...peguei as trouxas e voltei pra Istambul. Na mesma noite peguei outro busão e segui viagem.

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