Cerveja, foto e chocolate



Gent - Bélgica, 27 de julho de 2011.

Antes de vir para a Bélgica visitar um amigo dos tempos da Índia, resolvi parar por dois dias na cidade de Luxemburgo, capital do país de mesmo nome, um pequeno país (o terceiro menor da Europa) imprensado entre a França, Bélgica e Alemanha . Ficamos também pelo couchsurfing, quem nos hospedou dessa vez foi uma polonesa que mora com outros jovens de outros outros países, numa casa tipo república, e que fazem parte de um programa de voluntariado pelo governo de Luxemburgo. Uma moçada muito alto astral, nos sentimos super à vontade com a galera da casa.
Para a experiência de se hospedar na casa de alguém que você não conhece seja positiva, tem que dar sorte da química da pessoa combinar com a sua, e dessa forma sua estadia ser agradável. Até agora tive sorte de surfar em sofás de pessoas bacanas, algumas meio fechadas que tive que puxar muito papo e brincadeira para quebrar aquele clima travado entre uma pessoa tímida e alguém que ela não conhece dormindo na sua casa. As chances de encontrar um host (a pessoa que oferece hospedagem) bacana que te deixa bem a vontade são maiores se você escolher alguém “mais experiente”, que já tenha hospedado várias pessoas antes. Gosto de falar  sobre o couchsurfing porque gosto muito da ideia, e é uma comunidade que cresce cada dia que passa, integrando viajantes no mundo inteiro. Além do intercâmbio que fazemos ao se hospedar na casa de alguém, ainda gosto de participar dos encontros (meetings), que em cidades maiores são semanais, e  geralmente em algum bar. Conheci muita gente bacana nesses encontros, já participei em alguns em Belém, depois no Rio de Janeiro, Jakarta, Bangkok, Ho Chi Minh, Paris...espero que a comunidade continue crescendo para que com o passar do tempo fique cada vez mais fácil achar sofás pelo mundo, facilitando o mochilismo.     
A cidade é bonita demais! Tem um vale onde tem parques floridos muito bem cuidados, e por cima do vale passam umas pontes, formando paisagens belíssimas. Todas as ruas, praças  e parques são muito limpos e decorados com flores de diversas cores, eles se preocupam bastante em adornar a cidade, ficamos admirados de contar em um vaso no meio da rua,  cerca de vinte tipos diferentes de flores e plantas ornamentais. E as casas são bonitinhas e coloridas que parecem de brinquedo.
Luxemburgo tem uma fortaleza, que era a segunda mais reforçada e imponente de toda a Europa, construída há quase 1000 anos. Hoje, na área do antigo forte, existe uma área revitalizada com vista para o vale e vários andares de galerias subterâneas que abrigavam os soldados e a munição e que é Patrimônio Mundial da UNESCO.
O Corniche Luxemburgo, com a vista para o vale

Luxemburgo
A descida para o parque

Detalhe de um dos jardins, muito bem cuidados


 De Luxemburgo viemos para a Bélgica, onde reencontrei o Serge, um amigo dos meus tempos ‘holywoodianos’ na Índia, que nos hospedou aqui em Gent. Demos muita sorte de estar rolando o maior festival do ano, que dura dez dias e muda todo o ritmo da cidade. Diversos palcos espalhados pelo centro, nas margens do canal, praças e em frente aos monumentos que iluminados de noite brilhavam tanto quanto os palcos. Passamos quatro dias na Bélgica, em dois deles fomos ao festival. Teve até um grupo de percussão da Bahia que me fez matar a saudade da nossa batucada que não ouvia há tanto tempo. Nada como ouvir a nossa música. Por mais que eu goste de alguma outra música de outro país, mesmo assim escuto só com os ouvidos. Quando é música brasileira, nosso ritmo, escuto com o coração, entendemos todas as metáforas e as entrelinhas contidas na letra.
Teve um outro grupo que se apresentou, dizendo que era do Brasil, mas só tocou músicas cubanas e outros ritmos latinos, acho que usaram o nome do Brasil só como marketing. A nossa música é bem apreciada no exterior, principalmente a bossa nova. O samba também é famoso mas ninguém conhece nenhuma música, e temos fama de ter músicas ‘calientes’ e sermos bons de dança. Aconteceu várias vezes de eu estar indo para alguma festa com um grupo de gringos e quando digo que sou brasileiro, as gringas exclamam , já nos chamando de dançarinos...o caso é que eles são desajeitados demais!! ...e qualquer passinho de dança no ritmo certo já chama atenção...rsrsrsrs
Gent - ruas movimentadas, entre os vários palcos
espalhados pelo centro antigo da cidade 

Festival em Gent, com música latina em um dos palcos,
de quebra ainda provei uns cinco tipos de cerveja...
Meu amigo Serge, comprando pão de uma máquina 24h

O Brasil é visto como um país exótico para europeus, e já ouvi vários gringos que já visitaram nossa terra, dizendo que foi o país preferido. O que também é famosa, é a nossa criminalidade...todos sabem que é perigoso mochilar pelo Brasil, e tem medo de ir pra lá e serem assaltados.        
Como a Bélgica é um país pequeno, em menos de uma hora se chega nas cidades vizinhas. Visitei outras cidades importantes do país além de Gent: a capital Bruxelas, Bruges e Antuérpia. Provei vários tipos de cerveja e chocolates, que são as especialidades da casa. Um dia passeando por um mercado em Antuérpia, tive a melhor experiência gastronômica na Bélgica, os feirantes oferecem para degustação dezenas de tipos de queijo, salame, linguiça, doces ... e provei diversos tipos dos maravilhosos chocolates belgas que podem ser comprados a granel. 
Praça central de Antuérpia

O Museu Atomium em Bruxelas: a estrutura dele representa
uma molécula , se tornou um símbolo da cidade. 
t
Manneke Pis,  esse menino fazendo  xixi: um dos
cartões postais de Bruxelas

São cidades muito lindas, limpas, organizadas e pacatas. A minha preferida foi Bruges, uma linda cidadezinha colonial cheia de canais e pontes. Lá também, tudo merecia ser fotografado. Na verdade, tenho batido cada vez menos fotos da minha viagem de uns meses pra cá, tem uma hora que cansa...imagina mais de 350 dias viajando, se todo dia eu ficasse fazendo um monte de pose pra foto...é cansativo. Além do que, a vontade de bater foto acaba me tirando um pouco da atenção do lugar. Devo ter desenvolvido uma forma diferente de apreciar os lugares por onde passo. Talvez por ter passado muito tempo sozinho, acostumei prestar mais atenção e sentir mais o que me rodeia. Fazer com que aquela cena diante de mim, seja ela uma cadeia de montanhas, um parque ou uma rua estreita qualquer onde consigo captar bem a atmosfera de um país...tento fazer com que aquela cena faça bem pra mim naquele momento, no presente.  Tento viver mais o presente. As fotos são muito bacanas para o futuro, mas em excesso, elas atrapalham o presente, tiram a espotaneidade do momento.  
A Bélgica é um país tão organizado e tranquilo, que deve ser monótono viver aqui. Eu tenho realmente a mentalidade de segundo mundo e cada vez gosto mais do Brasil. É bacana e tal ver todo esse desenvolvimento, toda essa beleza, essa segurança, ...é maravilhoso visitar esses países. Mas certamente eu não conseguiria morar em um lugar como esse, é muito perfeito!...rsrsrrs ....gosto mesmo é da nossa confusão, desorganização, do barulho...e da nossa gente.  A falta de segurança que vivemos no Brasil e a dificuldade de achar um bom emprego faz realmente muita gente se desgostar da própria terra e procurar outros países para morar. Mesmo depois de ter visto tanta coisa, em nenhum momento pensei em morar fora. De repente quem sabe um dia, para passar um tempo, mas não troco o Brasil por nenhum outro lugar. É bom  ir, mas depois voltar.

A bucólica Bruges

Bruges

Bruges

Bruges

Bruges

Esperando para  umpasseio de barco
pelos canais em Bruges

A grande variedade dos chocolates belgas!

                                                                                                                               

3 comentários:

gualber disse...

Sempre fala qque "quando ganhar 30 milhões na mega sena vou morar na Belgica" hehehe coisa boa esse lugar. abraço irmão

gualber disse...

Suas fotografias estão cada vez melhor, parabens!!

Anônimo disse...

Parabéns pela excelente idéia e maravilhosa forma de enxergar a vida!