O homem que falava javanês


Yogyakarta, 3 de outubro de 2010.


Voltei para a ilha de Bali,desta vez para o lado negro, para Amed. Calma, é porque na costa norte as praias são todas de areia preta. Amed é uma vila pequena, ocupando uma faixa de terra próxima ao litoral pois é uma região montanhosa... as enseadas vistas de cima da montanha fazem uma paisagem muito bonita...como tinha passado todos esses dias na  praia, nem deu vontade de  tomar banho, passei o tempo vendo tudo de cima e pegando vento. Em Amed tem muitos hotéis e resorts de alto padrão na beira-mar, mas fiquei numa pousadinha familiar. Ali tive um contato com um casal e o filho deles, que foi tão caloroso que não senti a mínima falta de um quarto luxuoso com vista para o mar. Dava pra sentir que aqueles bangalôs foram construídos com um carinho, provavelmente por ele próprio...o cara era de uma simpatia, vivia com sorriso no rosto, aliás como quase todos os indonésios, ou pelo menos os balineses...que dava pra sentir a bondade do coração dele pelo seu olhar...eles me ofereciam café (o café balinês não é coado!) e uns bolinhos...e mesmo com poucas palavras que ele sabia em inglês dava pra entender tudo pelos gestos...tinha uma área aberta com uma maloca(é comum aqui umas malocas com um tablado à meia altura)onde a gente passou o dia em meio às galinhas e galos de briga que ele ia levar pra brigar numa vila próxima...até a forma que ele pegava nos galos era com alegria.
Uma das praias de Amed
Vista de Amed, essa parte até tem areia branca!
A parte da vila mais afastada dos hotéis é quase toda de casas de pescadores. Fui embora de Amed no dia seguinte com uma ponta de saudade, provavelmente seria meu último contato mais próximo com os os balineses.
Olha aí o cara da pousada
Cruzei todo o norte de Bali de ponta a ponta com minha motinha...era um dia festivo, essa data é comemorada duas vezes por ano, onde eles colocam roupas especiais, fazem procissões e levam oferendas até os templos(tem muuuuitos templos!). Parei pra dormir em Banyupoh, perto do hotel tinha um templo grande até pensei em ir lá pra ver essa parada lá dentro... um camarada disse que pra entrar tinha que vestir um sarong(roupa típica indonésia, tipo uma canga de praia). Seria um programa interessante, mas siceramente, é um evento religioso, eu ia ficar igual um E.T. no meio deles, não quis não... fui dormir. Era um hotel até legal na beira de uma praia feia de pedras pretas, tomei um café balinês com panqueca de banana, também bem comum aqui.
Em algum lugar no norte de Bali

Segui para Gilimanuk , a vila portuária de onde saem os ferrys para a ilha de Java. No ferry, atravessando o Estreito de Java, fiz amizade com um camarada, um fuzileiro naval que morava em Surabaya, e acabou me oferecendo uma carona...eu tava indo pra um lugar longe...como se eu fosse descer num barco em Icoaraci e peguei uma carona para Paragominas...foram quase 5 horas até Probolinggo num carrão da marinha! Cada frase que ele pronunciava tinha uma palavra em inglês o resto em bahasa (língua da Indonésia), acho que ele pensava que eu entendia..eu só fazia que sim o tempo todo com a cabeça. Foi assim a viagem toda, o cara batia foto minha e tudo...os indonésios gostam de estrangeiros...chegando lá ele me ajudou a encontrar uma agência para saber informações de um local que eu queria visitar no dia seguinte. No final dei pra ele de presente uma camiseta do Brasil que eu tava vestindo.
o cara que peguei carona
3:30h da madrugada, o jeep passou pra recolher o pessoal para a atração do dia: assistir ao nascer do sol do topo do Monte Penanjakan com a vista espetacular do Monte Bromo, o Monte Tengger e também pra compor a paisagem o Monte Semeru com 3.676m, o mais alto da Indonésia. Fazia frio já que estávamos a mais de 2 mil metros de altura...depois que o sol nasceu descemos para o Bromo que tem uma caldeira que exala uma fumaça com cheiro forte de enxofre. Uma paisagem muito linda, parece que eu tava na lua, naquele mar de lava solidificada.


O monte Bromo
Parece montagem

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